sexta-feira, 2 de julho de 2010

2217) Jornalismo de emergência (16.4.2010)



A imprensa destacou, após a tragédia das chuvas no Rio de Janeiro, dias atrás, a importância das chamadas rede sociais eletrônicas, coisas como Facebook, Twitter, etc., para criar um canal extra de comunicação entre as pessoas. Eu destacaria também o papel das grandes redes de TV e de rádio. Quando acontece uma catástrofe ou pelo menos um gigantesco transtorno em nossas cidades é que a gente entende a utilidade dessa monstruosa rede de telecomunicações que começou a ser criada nos anos 1970 pelos governos militares. O Brasil é um dos países eletronicamente mais bem cobertos do mundo. Nossas TVs, nossas comunicações telefônicas e mais recentemente nossas comunicações via celular estão entre as melhores do mundo em abrangência, mesmo que não na qualidade dos serviços – porque as empresas, claro, estão mais preocupadas em abocanhar fatias do mercado, cortar custos e maximizar lucros.

Quando tivemos um enorme apagão no Sudeste e Centro-Oeste no ano passado, dias depois já havia uma camiseta à venda no Brasil todo: “Apagão 2009 – Eu twittei!”. Porque na hora em que deu uma falta de luz geral, foi no twitter via celular que milhões de pessoas passaram a trocar informações. Informações muitas vezes cruciais, tipo “não passa na rua tal que está havendo arrastão”, “trânsito engarrafado não sei onde”, etc. O Twitter surgiu como um canal urgente de informação rápida, breve e objetiva. E – ouso agora lançar minha teoria – é para isto que foi feito. Para casos de emergência. Não para que um “ex-BBB” desocupado fique escrevendo “fui no banheiro” para 10 mil desocupados ficarem sabendo que ele foi no banheiro.

É no jornalismo de emergência que as grandes redes dão um banho de informação, mesmo descontando todos os seus defeitos habituais (preconceitos, interesses políticos velados, demagogia às custas do sofrimento dos pobres, etc.). Num momento de emergência, o que eu quero é a maior quantidade e diversidade possível de informação, para poder me inteirar do que está de fato acontecendo e tomar, se for o caso, as minhas precauções. Em casos excepcionais dessa natureza a TV (e o rádio, etc.) mostra para que foi feita.

Durante o temporal do Rio eu estava na Paraíba. Não sou twitteiro, mas bastou-me acessar o Facebook para saber (sem necessidade de ligar para os amigos, de um em um) o que meus vizinhos de Laranjeiras estavam passando. O Facebook inclusive me proporcionou ver fotos tiradas da janela com legendas tipo: “Rua das Laranjeiras às 15:30” e assim por diante. Bastava ir na página principal e rolar as mensagens para saber onde continuava a chover, onde já tinha parado, onde estava inacessível; e acompanhar o drama de Fulano que teve de ir dormir fora e o de Sicrano que teve a casa interditada por um deslizamento. Para isso foram criadas nossas redes sociais. Não pra ficar dizendo: “20:00 – Vou tomar uma cerveja. 20:05 – Ih, a cerveja acabou. 20:10 – Vou lá embaixo comprar cerveja”.

Nenhum comentário: