segunda-feira, 14 de junho de 2010

2150) Pen-drive (28.1.2010)



Eu estava fazendo um trabalho numa produtora quando entrou na sala um funcionário e pôs na mesa uma caixa: “Vim trazer o HD que vocês mandaram comprar”. Olhei a caixa: era um disco rígido de um Terabyte de capacidade. Fiz um cálculo rápido. Dependendo da resolução de imagem escolhida, seria possível gravar ali dentro todos os filmes que assisti na minha vida. Num troço do tamanho do meu cérebro, e com a vantagem adicional de guardar tudo intacto, porque meu cérebro, desgastado por atividades recreacionais, já não lembra muita coisa.

A capacidade de estocar informação é um dos prodígios permanentemente renovados de nossa época. Os caras da minha geração volta e meia estão escrevendo artigos como este, louvado uma maravilha que, para rapazes e moças de 20 anos, é uma mera bobagem. “Por que se admirar com um terabyte?”, perguntam eles. “Sempre foi assim, e, se não foi, vai ser, de agora em diante”. Eu sou do tempo em que essas engenhocas de gravar arquivos eram minúsculas e preciosas. Lembro do disco flexível (anterior ao disquete que conhecemos, o qual, apesar de chamado “floppy disk”, é rígido), que tinha (se não me engano) uma capacidade de 1,44 Megabytes. Revistas para quem a gente enviava colaborações, nos EUA e na Europa, prometiam: “Envie uma via impressa do seu texto, e um disquete com o respectivo arquivo. Devolveremos seu disquete pelo Correio”. E devolviam, porque era uma coisa mais cara do que o preço da postagem internacional.

Hoje, temos o pen-drive ou flash-drive, beleza de artefato que a gente leva no bolsinho das moedas, e onde pode guardar tudo que queira, como nas bolsas mágicas dos folhetos de cordel. Comprei um de 1 Gigabyte há dois ou três anos, para conduzir meus arquivos de trabalho quando estou viajando ou quando saio de casa. Basta-me plugá-lo num computador e é como se meu computador inteiro viajasse comigo. Depois comprei outros dois, de 16 GB cada um. No primeiro levo um back-up de tudo que é essencial no computador de mesa; no segundo, só músicas. E vi um destes dias, por 239,00 reais, um igualzinho, com 32 Gb de capacidade.

Eu temia pela fragilidade dessas jóias, mas li na Wikipedia um texto que me tranquilizou. Diz ele: “Alguns flash-drives conservam sua memória mesmo depois de terem sido mergulhados na água, ou mesmo tendo passado por uma máquina de lavar, embora isto não tenha sido previsto em sua fabricação e não seja algo para se confiar totalmente. Deixar o flash-drive secar por completo, antes de fazer a corrente elétrica circular por ele, é o que geralmente basta para que ele volte a funcionar sem problema. A equipe do programa Gadget Show, do Channel Five, já cozinhou um flash drive em propano, congelou-o em gelo seco, mergulhou- em vários líquidos ácidos, passou por cima dele com um jipe e o disparou com um morteiro de encontro a um muro. Depois, uma empresa especializada na recuperação de dados recuperou todos os arquivos gravados no drive”.

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