sábado, 12 de junho de 2010
2140) Mundo Clone (16.1.2010)
O cidadão comum tem uma idéia um pouco utópica do que é uma invenção científica. Ele pensa que um belo dia Galileu teve a idéia do telescópio, construiu um, exibiu-o aos amigos e aos colegas de Universidade, e meses depois já havia em Florença ou Pisa fábricas trabalhando dia e noite e exportando telescópios para a Europa inteira. Na verdade, leva muito tempo uma invenção ser aceita pela comunidade científica, e mais tempo ainda para se tornar um produto industrial viável. Portanto, ninguém imagine que em 2010 vai encontrar no Shopping algumas destas novidades recentes.
Por exemplo: clonar animais domésticos é um sonho antigo de muita gente, que aos poucos vai se tornando uma prática. Desde que a ovelha Dolly foi clonada em 1997, milhões de pessoas deram o passo mental seguinte e pensaram: “E se em vez de clonarem um bicho estúpido qualquer clonassem o MEU animal de estimação?” De repente, pessoas que têm um cachorro com dez anos (que para uma idade de cachorro corresponde a 70) imaginaram a possibilidade de superar a futura dor da perda com a futura alegria do reencontro. O companheiro de tantos anos iria sumir, mas apenas para ser substituído por um filhotinho idêntico ao que ele era quando tinha poucos dias de idade. Com sorte, os dois chegariam a conviver e a comer juntos da mesma raçãozinha!
Foi o que ocorreu com Lou Hawthorne, que criou em 1997 o Missyplicity Project, o primeiro projeto em larga escala de clonagem de cães e gatos, que em 2001 produziu o primeiro gato clonado do mundo. O nome do projeto é uma homenagem a Missy, o cachorro de estimação da mãe de Hawthorne. Durante alguns anos, Lou clonou gatos e cachorros, literalmente, mas este ano anunciou a interrupção do projeto, citando alguns motivos.
Um deles: o mercado é pequeno. Lou fez um concurso (para efeito publicitário) em que o prêmio seria a clonagem gratuita de um animal. Esperava centenas de milhares de concorrentes: conseguiu apenas 237. Não precisa dizer que é muito menor o número dos clientes dispostos a pagar 140 mil dólares, preço de mercado de um clone animal. Em segundo lugar, ele alega que há outras empresas fazendo guerra de preços (com a qual ele não consegue competir), que as patentes científicas dão problemas jurídicos constantes, que é muito trabalhoso cuidar de um grande número de clones.
Principalmente, ele alega que a clonagem não é tão simples quanto parece. Não é como copiar um arquivo ou xerocar um documento. Um clone que deveria ter pelo branco nasceu com pelo amarelado. Outros nasceram com malformações do esqueleto, que, mesmo não os deixando inválidos, causaram-lhes problemas permanentes. E finalmente houve um caso de um animal macho cujo clone nasceu fêmea! Eu diria que basta esta última notícia no jornal para esvaziar na hora a fila de candidatos à porta da empresa. Se uma clonagem não consegue reproduzir o sexo do animal clonado, corre o risco até de você clonar um gato e ganhar um cachorro.
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