Este livrinho do físico Alan Lightman (Companhia das Letras, 1993) utiliza a cidade de Berna (onde Einstein vivia quando formulou sua Teoria da Relatividade) como cenário de pequenas vinhetas sobre o Tempo. Einstein aparece em pequenos interlúdios, episódios banais de sua vida. No restante do livro, o que temos são pequenas descrições sobre diferentes modos de vivenciar o Tempo, todos eles previstos na Teoria da Relatividade ou resultantes dela. Lightman faz o que inúmeros escritores de livros de divulgação científica fizeram antes dele: transpor para nosso universo “macro” os fenômenos de dilatação e de compressão da massa, do tempo e do espaço que ocorrem em dimensões “micro”. Só que ele o faz com um tratamento literário mais sofisticado.
Cada capítulo recebe uma data, como se fosse um sonho que Einstein tivesse tido naquela noite; o período vai de abril a junho de 1905, que foi o chamado “Annus
Mirabilis”, em que Einstein publicou quatro ensaios científicos que mudaram a Física e toda a Ciência do século 20 (ver “O ano milagroso de Einstein”, 15.10.2005). Os sonhos descritos por Lightman nos fazem sentir o deslumbramento e a perplexidade de um cientista que descobre que o universo não tem um só sistemas de leis, mas dois: um que vigora para os objetos grandes, como nós mesmos e o mundo que nos cerca, e outro que vigora para os objetos muito pequenos, como as partículas sub-atômicas. Imaginar como seria nosso universo se nele vigorassem as leis do micro-universo é um exercício de imaginação e de literatura fantástica.
No sonho de 3 de maio, por exemplo, as relações de causa e efeito podem se inverter, de acordo com a posição do observador. Leis severas baixadas pelo governo são seguidas por um aumento da criminalidade, dando a impressão de que a causa veio após o efeito. No sonho de 26 de abril, as pessoas descobrem que o tempo passa mais devagar nos pontos mais afastados do centro da Terra, o que as leva a morar nas encostas dos morros ou em prédios mais altos, para que seu envelhecimento seja retardado. No sonho de 14 de maio, imagina-se um lugar em que o tempo transcorre mais lentamente à medida que nos aproximamos do seu centro, e ali o tempo pára por completo.
O conhecimento detalhado que Lightman parece ter das cidades suíças dá um caráter vívido a essas pequenas fábulas, porque ele se refere com fluência ao nome das ruas, das praças, às padarias, floristas e escritórios, o que dá uma superfície realista às situações fantásticas que ele descreve. E suas parábolas não se limitam a situações einsteinianas; ele imagina também situações em que uma vida humana transcorre ao longo de um único dia, ou em que os humanos são imortais, ou em que o tempo é rígido e imutável. São contos curtíssimos que tanto valem pela revelação científica que nos fornecem quanto pela delicadeza humana com que cada vinheta é concebida e executada.
Cada capítulo recebe uma data, como se fosse um sonho que Einstein tivesse tido naquela noite; o período vai de abril a junho de 1905, que foi o chamado “Annus
Mirabilis”, em que Einstein publicou quatro ensaios científicos que mudaram a Física e toda a Ciência do século 20 (ver “O ano milagroso de Einstein”, 15.10.2005). Os sonhos descritos por Lightman nos fazem sentir o deslumbramento e a perplexidade de um cientista que descobre que o universo não tem um só sistemas de leis, mas dois: um que vigora para os objetos grandes, como nós mesmos e o mundo que nos cerca, e outro que vigora para os objetos muito pequenos, como as partículas sub-atômicas. Imaginar como seria nosso universo se nele vigorassem as leis do micro-universo é um exercício de imaginação e de literatura fantástica.
No sonho de 3 de maio, por exemplo, as relações de causa e efeito podem se inverter, de acordo com a posição do observador. Leis severas baixadas pelo governo são seguidas por um aumento da criminalidade, dando a impressão de que a causa veio após o efeito. No sonho de 26 de abril, as pessoas descobrem que o tempo passa mais devagar nos pontos mais afastados do centro da Terra, o que as leva a morar nas encostas dos morros ou em prédios mais altos, para que seu envelhecimento seja retardado. No sonho de 14 de maio, imagina-se um lugar em que o tempo transcorre mais lentamente à medida que nos aproximamos do seu centro, e ali o tempo pára por completo.
O conhecimento detalhado que Lightman parece ter das cidades suíças dá um caráter vívido a essas pequenas fábulas, porque ele se refere com fluência ao nome das ruas, das praças, às padarias, floristas e escritórios, o que dá uma superfície realista às situações fantásticas que ele descreve. E suas parábolas não se limitam a situações einsteinianas; ele imagina também situações em que uma vida humana transcorre ao longo de um único dia, ou em que os humanos são imortais, ou em que o tempo é rígido e imutável. São contos curtíssimos que tanto valem pela revelação científica que nos fornecem quanto pela delicadeza humana com que cada vinheta é concebida e executada.
Um comentário:
A famosa revista Nature apresentou uma capa curiosa e estranha em sua edição de 5 de julho de 2007.
A arte é muito semelhante ao estilo de antigas revistas de ficção-científica e fantasia:
http://www.nature.com/nature/journal/v448/n7149/index.html
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