(gol do goleiro num Bangu x Botafogo)
Vi no “Globo Esporte” de algum tempo atrás dois lances ocorridos no mesmo fim-de-semana, lances que por alguma razão sádica me divertem imensamente. O primeiro ocorreu num jogo entre Sevilha e Español pelo campeonato da Espanha. O Espanhol perdia em casa por 2x1, e no finzinho do jogo houve um escanteio e o goleiro foi lá para a área adversária tentar o gol de cabeça. A defesa aliviou, o time puxou o contra-ataque e enquanto o pobre do goleiro, na maior afobação, tentava voltar para seu lugar, o cara entrou de área adentro e tocou para o gol vazio. O outro lance ocorreu no campeonato do Distrito Federal. Goleiro na área tentando o gol de cabeça, defesa alivia, e um jogador lá do meio de campo manda a bola por cobertura; o zagueiro tenta em vão tirar de cabeça, mas é bola na rede. (Eu, se fosse o zagueiro, agarrava a bola com a mão, e entregava pro goleiro dizendo: “Agora defende o pênalte, idiota”)
Eu acho uma idiotice um goleiro sair da própria área para tentar o gol de cabeça, sujeitando-se a esse tipo de vexame. Não vou dizer que nunca dê certo. Há pouco tempo, num Campeonato Brasileiro, um goleiro da Ponte Preta fez isso no minuto final de um jogo com o Flamengo, mas do jeito que anda o mundo, até eu faço gol no Flamengo. Mas essa atitude kamikaze serve para mim como um bom exemplo dos modismos no futebol, onde basta um sujeito fazer uma coisa e ter repercussão na imprensa para todo mundo começar a imitá-lo. Parece o cinema americano ou a música brasileira.
Se não me falha a memória, a primeira vez que vi um goleiro tentar esse recurso suicida foi na Copa de 86, quando o goleiro Prudhomme da Bélgica apareceu de repente na área adversária, num escanteio, tentando empatar um jogo no último minuto. Copa do Mundo é um dos melhores exemplos de como a exposição maciça à mídia gera um modismo qualquer. Dali em diante, qualquer goleiro do Ipiranga de Baturité ou do XV de Novembro de Conceição dos Coqueiros achou que seria capaz desta façanha, e a quantidade de “micos” resultante é um dos mais divertidos capítulos na história do futebol.
Nem sempre são divertidos. Vi uma vez, também num “Globo Esporte” de segunda-feira, um caso que ainda hoje me dói no coração. Foi num campeonato juvenil em algum campinho brasileiro. No último minuto, o goleiro do time que perdia foi para a área inimiga, para o último escanteio. Subiu junto com a zaga e fez o gol de cabeça. Os colegas fizeram uma pirâmide eufórica sobre ele. Quando se livrou dos abraços, correu para a lateral do campo e ficou acenando para a torcida, jogando beijos. Quando se virou, ouvindo os gritos dos companheiros, percebeu que o time adversário já tinha batido o centro, chutado do meio de campo, e lá ia a bola, mansinha, quicando tranqüila para o fundo das redes. É assim o futebol, principalmente quando temos 15 anos de idade: do Inferno ao Paraíso (ou vice-versa) em questão de segundos.
Um comentário:
Bem, se o time está bem treinado e organizado de forma a rapidamente interromper o jogo caso a bola venha a ser perdida, não vejo motivos para que um goleiro (com um mínimo de competência e habilidade) possa sair de seu gol para bater faltas, pênaltis ou participar de cobranças de escanteio.
Digo isso baseado em um exemplo prático (de time e goleiro) que imagino seja óbvio. ;)
Abraços hexacampeões.
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