O texto "Randolf's Party" foi o primeiro texto em prosa de John Lennon que eu li na vida, quando "O Pasquim" o publicou em 1969, numa tradução, se não me falha a memória, de Rebeca Nauslauski.
É do livro “In His Own Write”, que
Lennon publicou em 1964, no auge da Beatlemania, e que lhe valeu comparações
com James Joyce (que ele nunca tinha lido, e que provavelmente morreu sem ler).
Explica-se. O inglês brincalhão de Lennon é todo salpicado de palavras
inventadas ou destoantes que substituem a palavra normal que esperaríamos na
frase. Os trocadilhos dele não tentam misturar os significados, mas apenas
confundir os sons. Sua prosa na maioria
desses contos é uma distorção sonora das palavras habituais: “Christmas” vira
Chrisbus, Chrispbut; Randolph vira Rangolf, Randoff, Randoob...
É como se um
texto normal estivesse sendo lido em voz alta por um liverpudliano bêbado, com
voz pastosa; por causa disto, tudo que ele diz fica semi-ininteligível e
sujeito a confusões.
A FESTA DE RANDOLFO
(John Lennon) (tradução BT, 1981)
Era época de Nemtal, mas Randolfo estava só. Onde estariam seus velhos amigos Bernie,
Dave, Nicky, Alice, Beddy, Freba, Viggy, Nigel, Alfred, Clive, Stan, Frenk,
Tom, Harry, George, Harold? Onde
estariam nesse dia? Ruindolfo olhou, chorumbático, para o único
Cartão-de-Napalm que recebera: um de seu pai, que morava muito equidistante
dali.
“Não posso nemtender isso de estar assim tão souzinho no
único dia do ano em que todo joão-alguém pode expirar receber um amígado ou
dois?” pensou Randófilo. Em todo catso, ele continuou penduricalhando os
enfeites naftalinos, bem como o seu pede-meia.
Repentintinamente tocaram na sineta da torta da frente. Oras, mas quem poderá estar me tilintando a
estas horas? Ele abril a porta e quem
viu alívio? Senão seus amínguos Bernie, Dave, Nicky, Alice, Beddy, Freba,
Viggy, Nigel, Alfred, Clive, Stan, Frenk, Tom, Harry, George, Harold - pois
eram.
“Entrem tanto, velhos ambigos, meus bem-armados, meus
comparseiros!” Com um grande sou-riso em
sua face, Rindolfo os anfitriou benvindamente.
E eles invadiram a cela-de-visitas, a gargralhar e sorrir dentes, com
exclamaçons de “Boas Fezes, Randótimo” e deram-lhe tapas nas costas e
assaltaram-lhe em cima e o derroubaram no chão e lhe repisaram na cabeça: “Nós
nunca lhe gostamos, esses ânus todos em que o conhecemos. Você nunca hipertenceu mesmo à nossa turma,
tá sabendo, seu moribundamole?”
E os sacanas é claro que o assassinaram, assim, sacas? Mas no final das contras ele não morreu
sonzinho, não é? Bobas Festas e Feroz
Ano Novo, Randoido, meu amigo de fel, meu irmão caramarrada.
Um comentário:
Texto marnavalhoso!
Postar um comentário