(Clayton Christensen)
Li mais duas matérias, num curto intervalo, dizendo sempre a
mesma coisa. As megaempresas estão entrando num atoleiro preparado por elas
mesmas, por seus métodos “certinhos” de buscar maxieficiência; e no espaço de
seu desmoronamento surgem empresas pequenas, rápidas, que (ao contrário delas)
correm riscos, fazem apostas, e se contentam com lucros menores mas certos.
A Wired de março traz uma entrevista (http://bit.ly/X3bbHe) com Clayton Christensen,
autor de The Innovator’s Dilemma (1997) e The Innovator’s Solution (2003),
onde argumenta que as grandes empresas preocupam-se demais com “fazer tudo de
acordo com o manual” e isto lhe tira a flexibilidade de intuir o futuro e
adaptar-se a ele. São dependentes do que já têm, e do que já sabem e podem
fazer. E são vulneráveis ao que ele chama “inovações disruptivas” – invenções
ou processos criados por companhias menores, menos lucrativas, mais ágeis, mais
aflitas, precisando arriscar tudo numa cartada. Quando a cartada dá certo, a
pequena companhia se agiganta e as gigantes desmoronam. Christensen apontou
isso no mercado de disk-drives, de injeção eletrônica de carros, de cerâmica.
Christensen foi chamado pelo CEO da Intel, Andy Grove, e
disse-lhe: “Não tenho uma opinião sobre a Intel, mas minha teoria tem”.
Alertado, Grove comprou duas companhias pequenas (Cyrix e AMD) e produziu o
processador Celeron. Christensen vê algumas área onde, agora, os Golias estão
sendo engolidos pelos Davis: jornalismo, mercado editorial, tudo (segundo ele)
“que depende de publicidade”, e a educação de alto nível. Jornalismo e educação
estão começando a enfrentar concorrência via Web. A concorrência é heterogênea,
difusa, mas de vez em quando surge um foco de alta qualidade. Ele cita um curso
online de contabilidade da Brigham Young University que ajudou a fechar o curso
de contabilidade de Harvard.
Algo parecido diz Bill Harris em seu blog Dubious Quality (http://bit.ly/XHZcBL), comparando o mercado de
videogames com o de petróleo. As grandes companhias cresceram tanto que cada
passo que dão custa fortunas. Só podem apostar no que é 100% certo (o que é
raro aparecer). Resolvem comprar pequenas companhias de filão lucrativo, mas o
leilão com os concorrentes é pesado. O lucro delas se torna um prejuízo: o
preço não compensa.
Um comentário:
É muito romântica essa visão das empresas abraçando a matemática do caos, e de fato, se o capitalismo fosse um sistema comprometido com os ideais que “prega” como o da livre concorrência, vence o melhor e outras histórias de papai noel, eu acreditaria no desenrolar dessa tendência. Mas lendo o texto, eu só consigo enxergar holding, depois eu vejo cartel, truste, financiamentos do BNDS, tudo pra manter o sistema rodando essa roda viva, ou melhor roda morta. http://www.youtube.com/watch?v=18yVRE6K1GM
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