Dias atrás o Sheridan College, no Canadá, passou por uma crise cada vez mais freqüente na América do Norte. Um professor estava dando aula quando pela janela viu passar um indivíduo vestindo um casaco de camuflagem do Exército e carregando ao ombro algo que se assemelhava a um rifle. Oito estudantes o viram também, e o grupo deu o alarme. Sirenes soaram, salas de aula foram trancadas, avisos de emergência brotaram dos alto-falantes. A polícia foi acionada, e até as 4 horas da tarde todo mundo na universidade ficou trancado no lugar em que se encontrava, cruzando os dedos. Por fim, a polícia chegou a um veredito: não era um homem armado. Era apenas um sujeito carregando um tripé de câmara ao ombro.
Segundo consta, o Sheridan College é famoso pelos cursos de cinema de animação que oferece, de modo que não é nada estranho alguém cruzar o campus conduzindo um tripé. Mas o fato dá uma medida realista do clima de terror que vivem as universidades e colégios norte-americanos. O Canadá parece ser um lugar mais pacífico do que os EUA, mas ainda assim têm havido nos últimos anos os chamados “assassinatos de campus”, em que um maluco qualquer sai alvejando colegas.
Outro fato recente: numa plataforma de petróleo no Mar do Norte foi dado o alarme da existência de uma bomba no dormitório dos operários. Eram 9 e meia da manhã. Quinhentos trabalhadores e técnicos foram rapidamente evacuados através da passarela que liga o dormitório à parte principal da plataforma. Cinco helicópteros e um avião da RAF foram enviados para o local, e 161 de um total de 539 trabalhadores foram levados para plataformas vizinhas. Por volta do meio-dia, como as buscas não localizaram nada suspeito, os operários foram liberados para retornar ao local.
E aí veio a melhor parte, quando os investigadores finalmente deram ouvidos a alguns trabalhadores que desde o início das manobras tentavam explicar que era tudo um engano. Ao que parece, uma das operárias estava comentando com amigos o sonho que tivera durante a noite – sonhou que havia uma bomba no dormitório. Alguém deve ter ouvido de passagem o que ela dizia e entendeu que a coisa era pra valer. Depois de dado o alarme, ninguém se entendeu mais. Jake Molloy, secretário do sindicato dos trabalhadores, comentou: “Isto é uma loucura. A garota sonhou que havia uma bomba a bordo e estava um pouco abalada. Quando menos se esperava, estávamos sendo evacuados. Esta foi uma das maiores operações de segurança já ocorridas no Mar do Norte. O custo financeiro foi astronômico, e em momento algum houve necessidade disto tudo”.
Não foi Nostradamus, foi Carlos Drummond de Andrade que disse: “Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços / não cantaremos o ódio porque esse não existe, / existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro. (...) Cantaremos a morte e o medo de depois da morte, / depois morreremos de medo / e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas”.
Um comentário:
"o medo, que esteriliza os abraços" contundente verdade nos versos de Drummond, não há espaço para nenhum sentimento bom quando o medo reina, apenas flores medrosas podem surgir.
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