quinta-feira, 18 de setembro de 2014

3607) Mensagens subliminares (18.9.2014)





A arte de criar logotipos exige a concentração do máximo de significado no mínimo de signos. Num signo, em todo caso, capaz de ser visto de um só golpe, de um só lance de olhos, mesmo que depois resista a uma dissecação visual (e apresente seus documentos). Este saite (“30 Logos Famosos que Trazem uma Mensagem Oculta”) faz um apanhado às vezes surpreendente. (Aqui: http://tinyurl.com/nn6tzbs).

O cara diz: “Já reparou como o logo do Google tem quatro cores primárias em sequência, e isso é quebrado por uma cor secundária?”  Rapaz, se não me dissessem eu jamais perceberia.  Até me lembro desse conceito de cores primárias e secundárias, e até recordo do meu tempo de lápis de cor, quando eu superpunha um colorido de amarelo a um de azul, mas daí a perceber que é por isso que aquele “L” é verde, pense num cara que nasceu para ser o Dr. Watson. Isso pode ser boas e más notícias para mim.  A boa é que não sou muito vulnerável à propaganda subliminar, a ruim é que sou assim porque sou burro.

Eu não tinha percebido (e agora que vi não consigo mais desperceber) que as linhas do logo da Toyota são capazes de reproduzir as letras do nome da marca. Também não vi a bandeira da Dinamarca disfarçada no logo da Coca-Cola, logo este, o mais conhecido do mundo (a vírgula é opcional). O símbolo da igreja presbiteriana é um composto de oito símbolos gráficos religiosos diferentes, todos indiscutíveis, depois de explicados. Por outro lado, eu jamais iria supor que no logo da companhia (ou o que seja) “Eighty 20” apareçam duas fileiras de quadrados, cujas cores em código reproduzem em numeração binária os números 80 e 20.

As pessoas percebem essas coisas?  Duvido.  Se eu, que sou meio chegado a uma criptografia, inocentei-me todo diante do acima exposto, o que dizer de um ser humano normal?  “Ninguém percebe que percebe”, dizem-me os teóricos do ramo.  Passa tudo direto pro subconsciente, por uma porta especial. No meio das letras do nome do FedEx tem uma seta apontando para a frente; no logo da Vaio uma parte representa o sistema analógico e a outra o digital; o logo da Mitsubishi reproduz visualmente o que o nome quer dizer; o chocolate Toblerone reproduz uma montanha e um urso. 

Tiro meu chapéu para o logo do Spartan Golf Club, onde é possível enxergar tanto um guerreiro espartano quanto um golfista.  Douglas Hofstadter ficaria orgulhoso. Mas não sei. As pessoas têm paranóias com chips implantados, com ondas de rádio mentais. Eu não. Eu me preocupo com memes viróticos, com imagens multi-estáveis onde imaginamos ver um produto à venda e nossa mente, sem nos dizer nada, lê um comando para dinamitar alguém.