domingo, 9 de dezembro de 2012

3052) A tecno-telepatia (9.12.2012)





Os cientistas trabalham duro, e a sério, para encontrar algum meio tecnológico de produzir a telepatia, aquilo que a gente se refere brincando como “transmimento de pensação”.  Há pouco tempo, o canadense Scott Routley, que está em estado vegetativo, teve seus pensamentos comunicados através de aparelhos de ressonância magnética. Isto não quer dizer, claro, que ele se comunicou verbalmente, mas que a atividade de certas áreas do seu cérebro foi mapeada e depois “traduzida” para dar uma idéia do que ele estava pensando.  Ou, pelo menos, de que apesar da imobilidade ele permanece consciente. (Este é um dos dramas de pessoas em estado de coma – dá muito trabalho provar se estão conscientes ou não.)

Vai ser difícil produzir comunicação de um cérebro para outro baseando-se em nosso processo de formação de palavras e frases e em nossa memória verbal. É um processo muito subjetivo, muito impalpável.  Mais fácil estabelecer algum tipo de código, como o código Morse, para que o telepata envie a mensagem letra por letra, como no telégrafo. Ademais, como serão estabelecidas as ligações pessoa-a-pessoa? Não faz sentido encontrar uma maneira de transmitir pensamentos mas não conseguir direcionar esses pensamentos para uma pessoa específica. Qualquer pesquisa deve levar em conta a transmissão e a recepção.

A telepatia não vai ser como uma conversa telefônica, onde duas pessoas, num mesmo canal, falam alternadamente e podem até falar ao mesmo tempo sem deixar de ouvir com clareza o que o outro está dizendo. Com o pouco que sabemos sobre o processo de verbalização dos pensamentos (pensar nas palavras sem pronunciá-las) não há como imaginar, agora, uma tecnologia capaz de tornar esse processo algo compartilhável à distância. O maior empecilho a esse tipo de telecomunicação não é o meio (que são as ondas de rádio), é o fato de que não sabemos como as idéias verbais se formam e “são salvas” em nossa mente.

Ao invés de um “telefonema mental”, talvez a telepatia tecnológica venha a se parecer com os torpedos, mensagens de texto construídas letra a letra e enviadas de uma vez só. Haveria dois níveis sucessivos a serem ativados por concentração mental. No primeiro, a pessoa poderia compor, de letra em letra, sua mensagem, e a “salvaria” de algum modo. Em seguida, ativaria um código que a colocaria em contato com o destinatário, e em seguida algo equivalente à tecla “send”, “enviar” – e só então a mensagem seguiria, via ondas de rádio, para o seu destino. O que não acho possível são aquelas longas conversas telepáticas das histórias de FC, que mais parecem duas pessoas desocupadas matando o tempo com um telefonema.