sexta-feira, 23 de março de 2012

2825) Treze 1x1 Botafogo (23.3.2012)



Na disputa pela Copa do Brasil, o Treze jogou bem em Campina contra o Botafogo-RJ e conseguiu no último minuto o gol que tornou mais justo o placar. No Rio, 4ª.-feira passada, entrou para jogar no contra-ataque, fez um gol de pura sorte logo no início, e contou com a tradicional neurose botafoguense (“se não tiver sofrimento não é o Botafogo”, dizem meus amigos alvinegros) para segurar um jogo difícil. Só recuou pra valer quando ficou com 10.

O pênalti perdido por Léo Rocha no final, tentando imitar a “cavadinha” de Loco Abreu e se dando mal, desmoronou todo mundo. O goleiro Beto, que havia feito uns 5 milagres ao longo do jogo, defendeu dois pênaltis, e Léo Rocha teve a chance de empatar a disputa. Brincou. Quis fazer chinfra e entrar para a História; não bastava o gol, tinha que ser um gol para achincalhar o adversário. Perdeu. O mundo caiu em cima de sua cabeça.

Devemos puxar as orelhas do jogador, que cometeu uma imprudência desnecessária, mas não devemos crucificá-lo. Ele fez aquilo em nome da torcida. Se tivesse feito o gol e o Galo vencesse, todos (eu disse: todos) os torcedores e dirigentes trezeanos comemorariam aos berros em todas as mesas de bar, do Catolé ao Alto Branco: “Ganhamos do Fogão!!!! Lá deeeentro!!! E com cavadinha, pra desmoralizar Loco Abreu!!!”. Torcedor é assim, não é mesmo? Sou torcedor também, e conheço meu gado.

Ao torcedor não basta a vitória, é preciso desmoralizar o adversário, tripudiar sobre ele. Ainda mais se for um time do Rio, desses que ganham de nós há cinco gerações. O sofrimento acumulado é grande, e o desabafo precisa ser maior. Não basta fazer o gol, tem que escrachar. Quantos criticariam Léo Rocha, se a cavadinha dele virasse gol? Ele não está sendo condenado porque tentou, e sim porque tentou e não conseguiu.

Gostei das palavras serenas do goleiro Beto, o melhor em campo, após o jogo. O futebol ( o esporte em geral) é uma escola de vida, porque em nenhuma outra atividade as grandes vitórias e as grandes derrotas se sucedem com tanta rapidez. O atleta não deve se deixar contaminar pela visão do torcedor, que é paixão pura, puro desejo, desespero e euforia. Admiro a ousadia de Léo Rocha, como admirei a ousadia da cavadinha de Loco Abreu na Copa do Mundo. Mas na guerra julgamos um soldado pelas decisões que toma, e julgamos essas decisões pelos seus resultados. Na hora do pênalti, o atleta não pode correr para a bola pensando na torcida, na imprensa, na manchete, na comemoração. Perdemos os pênaltis quando na hora em que corremos para a bola pensamos em qualquer outra coisa que não seja FAZER O GOL.