segunda-feira, 11 de junho de 2018

4356) Dicionário Aldebarã XVI (11.6.2018)




(Marc Chagall)


O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.



“Anstrik”: o momento em que, antes de adormecer, repassando todo o dia que acabou de ser vivido, um pessoa é capaz de contar cinco coisas-que-deram-certo e pegar no sono em paz.

“Calhières”: certas gentilezas supérfluas, certas poses de etiqueta perfunctórias, que as pessoas fazem fingindo que desejam agradar alguém – que por sua vez, se pudesse, acabava com tantos rapapés na vida real.

“Náujebe”: o lendário Tapete Rastejador do condado de Nikhoury, um tapete comum capaz de voar, mas somente a uma altura de 5 cm da superfície, e à velocidade de um homem indo para uma reunião e sem a menor vontade de que a reunião comece.

“Hiltinskórious”: casas de peep-show para tatuadores, onde pessoas fazem sexo e depois se tatuam um emoji uma na outra, dando sua nota.

“Parkont”: a sensação de ser algum animal, sensação que nos acontece nos momentos de raiva, de relaxamento, de fome, etc.

“Sconus”: meias duplas para se andar “descalço” dentro de casa, sujando apenas a meia de fora.

 “Temique”: a impaciência para se envolver com uma ocupação qualquer, enquanto outro dever mais urgente não está sendo atendido.

 “Tiezza”: a sensação de dano irreparável quando um objeto se quebra ou se estraga de repente.

“Azissin”: pessoa que reencontramos depois de muito tempo e temos a sensação (que sabemos impossível) de que se trata de um sósia ou um impostor.

“Ximão”: indivíduo que tem apenas um talento ou habilidade, mas consegue viver às custas disto.

“Plandotes”: uma família cujos horários não coincidem, e a qualquer hora do dia ou da noite há na casa alguém acordando, comendo, chegando da rua, etc.

“Teeper”: homenagem que se faz às pessoas falecidas, deixando um lugar posto à mesa durante as festas.

“Assiel”: a sensação de que acaba de acontecer algo ruim que poderia ter sido facilmente evitado.

“Lamenoq”: sistema de proteção que consiste em pequenos barrotes de madeira que deslizam no interior de um móvel qualquer com gavetas; servem de tranca e bloqueio caso as gavetas não estejam sendo abertas numa sequência específica que só o dono conhece.

“Capérlus”: nuvens pesadas chovendo sobre uma área pequena, vistas a muitos quilômetros, como uma cortina escura vedando o horizonte.

“Zindul”: frutinha meio salgada que se usa como tiragosto; ao ser aberta tem que ser comida de imediato, porque um minuto depois começa a apodrecer; usada com frequência em comparações políticas ou filosóficas.

“Triporex”: pequenas distrações que podem causar grandes prejuízos, como esquecer um fogo aceso, uma porta destrancada, um animal sem comida, uma janela aberta, etc.

 “Laghorst”: testes escolares em que são fornecidas aos alunos uma série de respostas aparentemente absurdas, para que eles formulem as perguntas correspondentes.