quarta-feira, 1 de agosto de 2012

2938) Morcego da Madrugada (1.8.2012)



“Boa noite, galera. Aqui na emissora mandam a gente dizer bom dia. Mas o Morcego acredita que a madrugada pertence à noite, até os raios de sol virem estragar o nosso sonho ou cancelar nosso pesadelo, valeu?  Acabamos de ouvir com Zé Ramalho ‘A dança das borboletas’ e em seguida ‘In-a-Gadda-da-Vida’ com o Iron Butterfly. E está na hora de mais uma ligação dos nossos ouvintes.  Estamos na linha com Herbert... fala, Herbert. “Fala Morcego, é um prazer estar aqui nesse papo”. Herbert, tu mora onde? “Moro em Bodocongó, perto do campus”. Ok, você sabe como é; você vai pedir uma música e contar uma história que justifique esse pedido. “Certo, Morcego. A história é simples. No ano passado eu dei aulas num desses campus do interior. Eu passava dois dias lá e o resto da semana aqui. Dava aulas até as onze da noite e ia direto pra Rodoviária, pegava o ônibus pra vir dormir em casa em Campina, eram quatro ou cinco horas de viagem”.  Mas no ônibus já rolava um cochilo, né? “Isso mesmo. Você fecha o olho ali e já vai botando o sono em dia. Mas nessa noite, numa das paradas, subiu uma garota e sentou do meu lado. Eu vinha na janela, ela sentou, a gente acabou trocando algumas palavras, eu acendi aquela luzinha pra ela arrumar uma valise junto da poltrona.  E aí engatamos um papo. Aí quando a gente pegou a estrada de novo ela ligou um iPod, ficava no bolso do casaco dela e somente os fios dos fones saíam pros ouvidos.” Sei como é. Era bonita, Herbert? “Rapaz, era, era bonitinha, mas não é essa a questão. A questão é que bastou a gente se olhar, olho no olho, e sentir a voz, e a presença, rolou um clima. “Rapaz, rolar um clima é sempre um momento importante”. Pois é, ficamos conversando, e tal, e eu já estava muito a fim dela, e, sem querer contar vantagem, ela de mim.  Não sei explicar.  É por isso que as pessoas acreditam em reencarnação, embora eu não acredite. Aqui no ar eu não posso dizer o que aconteceu. Aconteceu tudo.  E ela colocou um dos fones no meu ouvido, e tudo que fizemos foi com esse disco como trilha sonora”. Beleza, e qual a música que você vai pedir? “A que tocou num dos momentos cruciais. Olha, vou repetir: meu nome é Herbert, ensino no curso de Arte & Mídia, e se ela estiver ouvindo ela sabe onde me procurar. A música que eu peço é ‘Beat Avenue’ com Eric Andersen, conhece, Morcego?”  Não só conheço como já toquei aqui no programa. Herbert, boa sorte aí no reencontro... O Morcego da Madrugada está aqui pra tocar as músicas que valem a pena ser tocadas, e para contar as histórias que não podem ser contadas à luz do sol. Aperta o play, Tony... Com vocês, ‘Beat Avenue’”.