sexta-feira, 18 de julho de 2014

3554) Contracapa de tablet (18.7.2014)



é difícil manter a elegância e ao mesmo tempo evitar um naufrágio  &  precisamos de robôs capazes de fazer palavras cruzadas enquanto esperam nossas ordens  &  quando falta luz no prédio a gente regride 200 anos em cinco minutos  &  quando a gente, em vez de ficar esperando, vai fazer outra coisa, a água ferve muito mais depressa  &  um labirinto de corredores de caverna onde ecoa ainda a voz de um xamã morto há cem anos  &  sonhei que uma voz me sussurrava: “só conta pra velhice o tempo em que você não estiver pensando”  &  a Beleza é um disfarce sutil da Verdade  &  esse problema não é nada que um pedido de desculpas público, daqui a trinta anos, não possa amenizar  &  você começa bebendo porque não se sente bem; depois, bebe para se sentir bem; depois, pra não se sentir mal  &  um folhetim gótico intitulado “A Legenda do Monastério”  &  um filme onde a câmera evitasse os atores e mostrasse apenas as suas sombras  &  não basta o cara ter que ser um tamanduá, precisa também comer formiga todo dia  &  a política é um esporte em que um dos times joga todos os jogos em casa  &  tem gente que procura equilibrar a vida ingerindo quantidades cavalares de açúcar e de sal  &  ser escritor de FC lendo apenas FC é como um exército ir para a guerra levando o dobro da munição e nenhuma comida  &  malandra é a chuva, que cai mas não se quebra  &  às vezes é até bom um terremoto para zerar um impasse legislativo  &  o Brasil vai acabar com a senzala e não consegue se livrar da casa grande  &  um presidente está para o governo assim como o sinalizador de aeroporto está para os aviões  &  quem propôs o nome “ornitorrinco” estava apenas tentando reagir à altura do que via  &  eu queria um teclado que me permitisse escrever dormindo  &  acordo todos os dias ao som de clarins que não sei se são de guerra ou de café na mesa  &  certos livros de FC parecem um foguete interplanetário fazendo a circular do bairro  &  o clichê é tão necessário a alguns animais quanto a respiração  &  o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, mas a definição de corrupção é relativa  &  nada mais parecido do que café frio e cerveja morna  &  sempre compareci aos meus desencontros comigo mesmo  &  pior do que o medo da tortura é o medo do ridículo, e pior do que a morte é a risada alheia  &  temos mais pena de um cão doente do que de um mendigo porque o mendigo disputa espaço conosco  &  eu só direi que o país vai mal quando os mortos forem deixados apodrecendo nas calçadas  &  depois de conversar com ela por meia hora percebi que o que eu estava fitando não eram os olhos, eram os seios mesmo  &