domingo, 15 de fevereiro de 2009

0806) Canções de guerra (18.10.2005)




(Auguste Pinelli, "Rouget de Lisle compondo a Marselhesa")

Toda noite, na novela América, ouço alguém cantando: “Um poema ainda existe, com palmeiras, com trincheiras, canções de guerra, quem sabe canções de mar, ay, hasta te comover...” 

Soy Loco por ti, América:
Gravação original: https://www.youtube.com/watch?v=VKWnJG1UaTc


E recordo uma entrevista que dei anos atrás. Uma moça atenciosa me perguntou: 

-- Que tipo de canções você faz? Maracatu, rock, forró?...

E eu disse: 

-- Olha, eu sou letrista. Eu não classifico minhas canções pelo ritmo delas. O ritmo pode ser qualquer um, e pra falar a verdade eu às vezes nem sei que ritmo é aquele que eu estou usando. Eu classifico minhas canções pelo assunto. Por exemplo: tem canção de amor, canção de bebedeira, canção de jactância... 

Com olhos muito arregalados, ela me pediu para cantar uma canção “de jactância”. Eu cantei uma música minha que diz: 

Sou o bote da cobra caninana, 
sou dentada de tigre enraivecido, 
sou granada que solta um estampido
que se escuta por mais de uma semana... 

E assim por diante. Jactância pura.

Os críticos de música entendem mais de música do que de letra, e é natural que eles tendam a classificar as canções de acordo com ritmos. Mas eu acho, pegando o exemplo acima, que “canções de guerra” é uma classificação tão legítima quanto “xaxados” ou “valsas”. Elas existem, não é mesmo? 

Você pega por exemplo “Cantiga Brava” de Geraldo Vandré, aquela canção devastadora da trilha sonora do filme A Hora e a Vez de Augusto Matraga

O terreiro lá de casa 
não se varre com vassoura... 
Varre com ponta de sabre, 
bala de metralhadora! 

Ave Maria! Eu já cantei isso em mesa de bar, no tempo da ditadura, e o que salvou a ditadura foi o fato de que a gente não andava armado, porque a adrenalina que essa música produz não está no gibi.


"Cantiga Brava":
https://www.youtube.com/watch?v=09bZl8Rr-NQ

A canção de guerra mais famosa é a “Marselhesa”, o hino da França. A gente vê os franceses são delicados, tão gentis – comandalevú, sivuplé... Cuidado, amigos. O hino deles diz: 

Vejam esses soldados ferozes! 
Eles estão vindo degolar nossos filhos 
e nossas companheiras! 
Às armas, cidadãos! Formem os batalhões! 
Marchemos, marchemos, 
e que um sangue impuro regue o nosso chão! 

Não, amigos, eu só piso nos calos de um francês se tiver Vandré me dando cobertura.


A cena da Marselhesa em "Casablanca":
https://www.youtube.com/watch?v=KTsg9i6lvqU


Canções de guerra do lado oposto (contra a guerra) são clássicos da música de protesto como “Masters of War” de Bob Dylan ou “I don’t want to be a soldier” de John Lennon. Se formos para o lado pacifista, “do contra”, não vamos parar mais nunca. 


"Masters of War":
Gravação ao vivo: https://www.youtube.com/watch?v=exm7FN-t3PY
Letra: http://www.azlyrics.com/lyrics/bobdylan/mastersofwar.html

"I don't want to be a soldier"
Gravação original: https://www.youtube.com/watch?v=mf44CHE31Gc
Letra: http://www.azlyrics.com/lyrics/johnlennon/idontwanttobeasoldier.html


Minha canção de guerra preferida é “Ride across the river” do Dire Straits (CD Brothers in Arms). Dois personagens. Um diz ser o defensor da liberdade, lutando por uma causa nobre e justa; o outro diz ser um mercenário, que mata a serviço de qualquer um que o contratar. E o poeta conclui: 

Ninguém vai detê-los, enquanto dia e noite se sucedem. 
O certo vira errado; a esquerda vira a direita. 
E eles cantam ao marchar, bandeiras desfraldadas. 
Hoje as montanhas, e amanhã o mundo. 

Quem é um, quem é o outro? Não sabemos; só sabemos que estão cruzando o rio, rumo à batalha final.



"Ride across the river": 
Gravação original: https://www.youtube.com/watch?v=rSZzyGXCTQk
Letra: http://www.azlyrics.com/lyrics/direstraits/rideacrosstheriver.html




0805) Comemoração de gol (16.10.2005)





No meu tempo, as coisas eram muito diferentes. Espera aí – não existe começo de crônica mais deprimente do que este, então... “última forma”! Comecemos dizendo que o mundo muda o tempo todo, e mesmo os tempos da minha infância estavam cheios de mudanças: eu não percebia porque não conhecera o que viera antes. Quando comecei a freqüentar com meu pai as cadeiras cativas do Estádio Presidente Vargas, os jogadores faziam um gol e ficavam ali mesmo dentro de área, se abraçando com os companheiros. Num momento de maior desafogo emocional, caíam ao chão e faziam aquele bolo confuso de jogadores. Parece incrível, mas naquela época ninguém comemorava com a torcida. Talvez os jogadores achassem que os torcedores estavam longe demais e não conseguiam avistá-los.

A televisão mudou tudo, até porque essa coisa de comemorar com a torcida nos chegava via TV, quando víamos os jogadores do Flamengo fazendo um gol e correndo para a beira do fosso, no lado esquerdo da imagem, esbravejando bravatas, extravasando tensões. E nestas últimas décadas surgiram duas outras formas curiosas e comemoração. A primeira delas é a mania de correr na direção do banco de reservas, com o dedo em riste apontando alguém – um companheiro a quem o gol é dedicado, ou o preparador físico que ajudou a recuperar para a partida o autor do gol. Uma variante pertinaz deste estilo é a do jogador que faz o gol, espertamente, vir se jogar nos braços do técnico, garantindo assim sua escalação no próximo jogo.

Mas o melhor de tudo são as Comemorações Coreográficas. Ainda não tenho uma posição oficial sobre o assunto. Quando vejo os brasileiros do Real Madrid fazendo um gol e esperneando como baratas, sinto que estou contemplando uma experiência-limite humana: os Kamikazes do Ridículo. Nossos jogadores parecem decididos a explorar todos os limites da palhaçada. Rebolam, plantam bananeira, balançam bebês imaginários, dançam boquinha-da-garrafa... Por outro lado, me consolo dizendo que isto é até um “refresco”, num futebol tão violento e desleal como o de hoje em dia, um futebol tão embebido de hipocrisia pseudo-cristã, em que atletas notoriamente cafajestes e carniceiros ficam mandando beijos para o Céu e dizendo “Jesus me ajudou a fazer esse gol”.

Resumindo – o que eu gosto nessas bobagens é o espírito lúdico e brincalhão que elas fazem vir à tona. O futebol perde aquela seriedade carrancuda, militarista, de atletas repetindo hipnoticamente que “estão determinados a alcançar o objetivo”. O que não gosto é o exibicionismo frívolo que elas revelam, aquelas vaidadezinhas-no-varejo estimuladas pela TV, que vive a sussurrar no ouvido de cada brasileiro: “É melhor ser visto por 50 milhões de pessoas por estar pagando um mico ou por ter cometido um crime do que não ser visto absolutamente”. É meio constrangedor ver um cara que faz um gol de placa achar que precisa dançar-o-tchan junto à lateral para que o país preste atenção a ele.

0804) O ano milagroso de Einstein (15.10.2005)



Em 2005 estamos comemorando o centenário do que o mundo científico acostumou-se a chamar de “annus mirabilis”, “ano milagroso”, ou , mais precisamente, “ano das maravilhas”. Em 1905 Albert Einstein publicou na principal revista alemã de Física quatro artigos científicos nos quais propunha novas explicações para alguns dos problemas que a Física da época não estava conseguindo resolver. Estes quatro artigos fizeram história; viraram a Física de pernas para o ar.

O primeiro deles, abordando o problema chamado de “efeito fotoelétrico”, sugeria que a luz era constituída de “quanta” (plural do latim “quantum”), minúsculas partículas. Na época, vigorava a noção de que a lua consistia em ondas. Depois de Einstein, chegou-se ao consenso de definir a luz como tendo uma natureza dupla, com propriedades tanto de onda como de partículas. O segundo artigo se referia ao “movimento browniano”, a descrição do movimento de minúsculas partículas suspensas num fluido. Aplicando estas leis, Einstein propôs uma visão plausível do mundo dos átomos, baseada na mecânica estatística.

O terceiro artigo questionava as noções vigentes sobre a velocidade da luz, e propunha a “Teoria da Relatividade Especial”, onde a velocidade da luz é um limite fixo, e não depende da velocidade do observador – ou seja, somar velocidades, o que era previsto na mecânica de Newton, não funciona com a velocidade da luz. O quarto artigo estabelecia a famosa equivalência entre matéria e energia, uma idéia surpreendente para a época; nele apareceu pela primeira vez a famosa equação “E=mc2”, energia igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz.

Pois é, tudo isto está completando cem anos agora, e o websaite científico “Nova” tem um extenso material a respeito, baseado num programa de TV que está indo ao ar na Europa. Vejam em: http://www.pbs.org/wgbh/nova/einstein/. O que sempre me chamou a atenção neste episódio foi o fato de no curto espaço de alguns meses um sujeito descobrir quatro coisas diferentes e inéditas. “Vai ver,” pensava eu, “que é por isso mesmo que o cara é gênio; descobre quatro coisas que não têm nada a ver”. Ledo engano meu. Einstein era um físico nato, com uma enorme capacidade de generalização. Ele conseguia perceber intuitivamente o que havia em comum entre a velocidade da luz, a dualidade da luz como onda e partícula, o movimento caótico das partículas atômicas, a relação entre matéria e energia. Creio que se pode dizer que onde os físicos da época viam problemas distintos, Einstein mostrou que estes problemas eram portas contíguas para uma única solução.

Einstein ficou até o fim da vida procurando inutilmente a famosa “Teoria do Campo Unificado”, uma única explicação matemática para todas as forças fundamentais do Universo. Não conseguiu. Mas também é ambição demais, o sujeito querer derrotar a Esfinge duas vezes seguidas.

0803) “Hoje é dia de Maria 2” (14.10.2005)



Está de volta à TV Globo a minissérie Hoje é dia de Maria, escrita por Luiz Alberto Abreu (baseado num projeto criado por Carlos Alberto Soffredini) e dirigida por Luiz Fernando Carvalho. A primeira temporada ocorreu em janeiro deste ano, e teve uma tal resposta de público e de crítica que a Globo decidiu repetir a dose. A julgar pelos episódios iniciais, existe uma enorme continuidade com o que foi visto na primeira série, o bastante para dar ao espectador aquela sensação agradável de gostar de novo do que já gostara; e existe novidade bastante para acender seu interesse e mantê-lo ligado na história.

A primeira grande variação é que a primeira série era toda ambientada no mato, e esta leva Maria para uma cidade surreal, onde ela passa por aventuras muito diversas das que enfrentara da vez passada. No primeiro episódio, exibido terça-feira, roteirista e diretor põem um pé na ficção científica, ao mostrar um gigante metálico adormecido (cuja boca, ficamos sabendo, engole todo o lixo produzido na cidade); um binóculo de prismas que transporta Maria, através do olhar, para a cidade mecanizada; dançarinas andróides num night-club freqüentado por bonecos de papel machê; uma cabeça mecânica que fala sozinha; e uma infinidade de outros pequenos e brilhantes achados de roteiro e cenografia que criam um universo feérico, lembrando certas histórias de Ray Bradbury ou o mundo cyborg visto pelos olhos de uma criança em Inteligência Artificial.

Todo crítico se sente na obrigação de comparar cada obra nova com outras obras que já conhece (por algum obscuro senso de compromisso moral, de estar pagando uma dívida). Digamos então que a minissérie dos dois Luiz tem algo do clima de O Mágico de Oz e de Alice no País das Maravilhas, seguindo uma garotinha meio perdida (mas que nunca se dá por achada) no meio de um mundo fantástico, em que cada nova criatura ou ambiente nos deixa em dúvida se está trazendo um perigo, uma tentação, uma ameaça ou um pedido de socorro.

Luiz Fernando Carvalho domina com mestria o realismo narrativo, mas a série de trabalhos que tem dirigido para a Globo no gênero fantasia (Auto de N. S. da Luz, Farsa da Boa Preguiça, a primeira Maria) mostra que ele também sabe o que faz nesta outra direção. Maria tem um brilhantismo visual que deve muito ao Grupo de Bonecos Giramundo e às marionetes de Catin Nardi. Figurinos, direção de arte, adereços, criaturas mecânicas, tudo guarda o clima delirante e saborosamente anacrônico de alguns filmes de Tim Burton, Terry Gillian ou da dupla Jeunet & Caro (Delicatessen, Ladrão de Sonhos). Ao que parece, televisão foi feita para isto: para passar seis meses produzindo com carinho e minúcia um trabalho que fica uma semana em cartaz. Para ter o direito de ver obras assim, a gente engole em seco e se conforma com o fato de que sem as novelas, as intermináveis, ralas, redundantes novelas, nenhuma TV se manteria.

0802) Os nomes dos furacões (13.10.2005)


(Katrina)

As mulheres acham que é preconceito nosso, essa história de batizar furacões com nomes femininos. Os caras mais gozadores explicam por quê: os furacões sempre chegam quando a gente não está esperando, arrasam com tudo, é inútil tentar argumentar com eles, etc e tal. Na verdade, o costume antigo era dar aos furacões o nome do santo do dia em que ele ocorria, mas como furacões duram vários dias e atingem diferentes cidades, isso causava divergências: o mesmo furacão recebia mais de um nome.

Na década de 1950, os nomes começaram a ser atribuídos de acordo com um alfabeto fonético, e os primeiros furacões assim nomeados foram Able, Baker e Charlie. Com o passar dos anos, isto começou também a criar confusão, porque ao começar um novo ano retomava-se a lista do princípio, então o problema passou a ser o mesmo nome sendo atribuídos a furacões diferentes. Em 1953, o Centro Nacional de Furacões dos EUA criou uma lista de nomes femininos por ordem alfabética, que iam sendo sucessivamente atribuídos à medida que as tempestades apareciam. O primeiro nome a ser usado neste sistema foi Alice. Houve protestos, e a partir de 1978 nomes masculinos foram adicionados à lista de furacões tanto do Pacífico quanto do Atlântico.

O sistema atual tem listas de nome (masculinos e femininos) que são concedidos por ordem alfabética. São seis listas ao todo, cada uma delas usada num ano, de modo que os nomes dos furacões só se repetem de seis em seis anos. Em setembro de 2005, restavam apenas quatro letras: Stan, Tammy, Vince e Wilma. (Algumas letras, como Q, U, X, Y e Z, não são usadas, porque têm poucos nomes próprios associados a elas). Se por acaso a quantidade de furacões for maior do que a quantidade de nomes, os furacões seguintes passarão a receber os nomes de letras gregas:

Por que isto tudo? Os meteorologistas explicam que há certas especificações: os nomes devem poder ser lembrados com facilidade, e precisam vir em ordem alfabética para serem situados facilmente uns em relação aos outros. Convenhamos, é muito mais fácil decorar um nome como “Furacão Katrina” do que, sei lá, Furacão NWS-11-05.

Numa camada mais profunda, no entanto, isto corresponde ao animismo latente em nossa cultura. Somos descendentes de centenas de gerações de pessoas que acreditavam em espíritos da natureza, em orixás, em ninfas e náiades. Para esta mentalidade mágica, os fenômenos da Natureza são manifestações de uma intencionalidade, de uma vontade cujas razões só podemos imaginar, mas cuja eficácia na ação não deixa margem a dúvidas. Se colocamos um nome numa montanha ou num rio, por que não num furacão, que embora sendo um fenômeno passageiro acaba talvez marcando nossas vidas de maneira muito mais intensa? O uso exclusivo dos nomes femininos teve origem, sem dúvida, nesta nossa identificação intuitiva entre a mulher e as forças desencadeadas da Natureza, que são impossíveis de enfrentar, e das quais às vezes não dá nem para fugir.

0801) Deus que venha armado (12.10.2005)


(Viggo Mortensen em Appaloosa)

Não pensem que estou sendo irônico (embora esteja), mas tenho uma admiração danada por esse pessoal que vai votar NÃO no referendo sobre a proibição das armas. A Bancada da Bala, os deputados favoráveis às armas, trabalham para que a população continue armada até os dentes. Outra força importante é o “lobby” dos fabricantes de armas, anunciantes de peso em revista como Veja (uma revista que tradicionalmente faz propaganda de armas de fogo, motosserras, etc.), e que estão apostando todos os seus trunfos neste referendo para transformar de vez o país numa imensa Bagdá. Eu, não. Eu acho que a culpa é de Guimarães Rosa.

Trata-se de uma sinédoque, na verdade: estou usando a parte pelo todo. Quando digo “Guimarães Rosa” estou me referindo não ao Mestre propriamente dito, mas a toda a mentalidade rural, guerreira, desbravadora, faroéstica, que teve e tem tanta influência na nossa formação. Nós, nordestinos, somos especialmente vulneráveis a ela, haja visto o fato de que temos Lampião e Corisco como heróis, e não como bandidos. Cultivamos a crença, em alguma região de nossa massa encefálica, de que homem que é homem parte pra cima. Até mesmo nós, os escritores pacifistas e democratas, que costumamos atribuir a violência de nossas sociedades a Rambo, a Arnold Schwarzenegger, a Van Damme. Ponhamos a mão na consciência, coleguinhas: não somos nós os mesmos que reverenciamos os faroestes de John Ford e Sam Peckinpah, os filmes de samurai com Toshiro Mifune, as novelas jagunças de Mestre Rosa?

Deve ter algo a ver, sim, com índices de testosterona, porque nenhum de nós, numa platéia, fica indiferente a um tiro certeiro ou a um murro bem dado. Aquilo parece uma maneira profundamente satisfatória de resolver um impasse. O problema é o fato de que quando a gente quer parar não pode mais. A violência é sempre o derradeiro recurso; quando ela começa, todo o resto fica cancelado. Eu nunca vi dois sujeitos passarem meia hora discutindo, depois se atracarem aos socos, e depois pararem a briga e voltarem a discutir. Quando o bofete fala no centro, desativa todos os outros programas.

A violência é atrativa porque ela corta o nós-górdios que a inteligência não conseguiu desatar. Em vez de resolver o problema, eliminamos o sujeito que o representa. Depois deste, é claro, virá outro, e depois mais outro, até que o eliminado sejamos nós. Guimarães Rosa dizia (estou citando de memória): “O sertão é assim. Deus mesmo, quando vier, que venha armado. E bala é um pedacinhozinho de metal”.

Pode ser que Deus esteja vindo, e vindo como o Deus dos Exércitos do Velho Testamento, por entre um ratatá de helicópteros e metralhadoras e a trilha sonora da “Cavalgada das Valquírias”. Pode ser que o mundo esteja se encaminhando para a conflagração final do Armagedon, e que tenhamos de puxar a arma para justificar nossa presença aqui. Pode ser. Mas eu acho que não; e voto “Sim”.