sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

4532) Dicionário Aldebarã XIX (13.12.2019)




(ilustração: Huang Yung Fu)

O planeta de Aldebarã-5 tem uma civilização influenciada pelos colonizadores terrestres.  Seu vocabulário exprime as características da natureza do planeta e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura.  Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.


“Lhossa”: reunião semanal numa rua, ou num bairro, onde as pessoas levam pequenos problemas de ordem prática para pedir conselhos aos demais: qual a melhor maneira de consertar uma cerca, como preparar determinada comida, o que fazer com um filho-problema, etc.

“Etrix”: pequenas molas que, acopladas aos pés das cadeiras, permitem à pessoa ficar sentada e mexer o corpo para exercitá-lo, pois a cadeira acompanha essas micro-mudanças de posição.

“Teruch”: diz-se de certas misturas de infusões vegetais com o poder de desentupir encanamentos, esgotos, etc., e por extensão diz-se o mesmo de bebidas alcoólicas de baixo preço.

“Quavryub”: cortinas com aberturas móveis, que podem ao mesmo tempo deixar um ambiente na penumbra e dirigir fachos de luminosidade na direção que for conveniente.

“Elkism”: a sensação permanente e às vezes inexplicável de que por mais que tudo pareça estar em paz essa paz pode ser estilhaçada a qualquer instante por alguém que chega, uma voz que se ouve, um recado que se recebe.

“Ardofoot”: dança coletiva, espécie de quadrilha, onde todos os participantes dançam de olhos vendados, sentindo-se pelo tato e trocando de pares de acordo com “deixas” da melodia. Usa-se também na linguagem diária para descrever uma situação que a pessoa não entende por completo mas está se saindo como pode, na base do improviso.

“Gelaya”: jardins de flores organizadas geometricamente para serem vistos de forma diferente, criando desenhos específicos, de cada janela da casa.

“Timpirol”: rito de passagem a que, em algumas regiões, se submetem os adolescentes de ambos os sexos, e que incluem a adoção de um apelido, a incineração de todas as roupas que possuíam, numa cerimônia em que vizinhos e parentes comparecem trazendo-lhes roupas novas e recados com pequenas surpresas (ofertas de trabalho, propostas para viagens, etc.).

“Riazons”: tubérculos avermelhados que servem tanto para a alimentação quanto para a fabricação de tintas, com as quais são pintados os passarinheiros, viveiros abertos que servem de abrigo às aves.

“Maytor”: período de lua-de-mel que precede o casamento; algumas semanas antes da data fixada para a cerimônia, os noivos têm direito a passar 10 dias a sós, liberados de trabalho e/ou estudos, para se conhecerem melhor. Findo este período, eles confirmam ou cancelam o matrimônio.

“Ormassycs”: trabalho típico de pessoas idosas, remuneradas por uma “caixinha” mantida pela comunidade, e que servem de cicerones ou guias aos pontos interessantes de um bairro, de um quarteirão, porque sabem tudo que aconteceu ali, os lugares onde moraram pessoas conhecidas, onde aconteceram fatos memoráveis, etc.

“Sokkun-Udis”: lugares onde ocorreram grandes batalhas no passado, e onde hoje as pessoas vão, em datas comemorativas, para meditar em silêncio, sem festas, sem homenagens, sem discursos; apenas sentam-se em círculo ao anoitecer, conversando o mínimo possível, e só se retiram ao nascer do sol.













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