A arte de criar
logotipos exige a concentração do máximo de significado no mínimo de signos.
Num signo, em todo caso, capaz de ser visto de um só golpe, de um só lance de
olhos, mesmo que depois resista a uma dissecação visual (e apresente seus
documentos). Este saite (“30 Logos Famosos que Trazem uma Mensagem Oculta”) faz
um apanhado às vezes surpreendente. (Aqui: http://tinyurl.com/nn6tzbs).
O cara diz: “Já
reparou como o logo do Google tem quatro cores primárias em sequência, e isso é
quebrado por uma cor secundária?”
Rapaz, se não me dissessem eu jamais perceberia. Até me lembro desse conceito de cores
primárias e secundárias, e até recordo do meu tempo de lápis de cor, quando eu
superpunha um colorido de amarelo a um de azul, mas daí a perceber que é por
isso que aquele “L” é verde, pense num cara que nasceu para ser o Dr. Watson.
Isso pode ser boas e más notícias para mim.
A boa é que não sou muito vulnerável à propaganda subliminar, a ruim é
que sou assim porque sou burro.
Eu não tinha
percebido (e agora que vi não consigo mais desperceber) que as linhas do logo
da Toyota são capazes de reproduzir as letras do nome da marca. Também não vi a
bandeira da Dinamarca disfarçada no logo da Coca-Cola, logo este, o mais
conhecido do mundo (a vírgula é opcional). O símbolo da igreja presbiteriana é
um composto de oito símbolos gráficos religiosos diferentes, todos indiscutíveis,
depois de explicados. Por outro lado, eu jamais iria supor que no logo da
companhia (ou o que seja) “Eighty 20” apareçam duas fileiras de quadrados,
cujas cores em código reproduzem em numeração binária os números 80 e 20.
As pessoas
percebem essas coisas? Duvido. Se eu, que sou meio chegado a uma
criptografia, inocentei-me todo diante do acima exposto, o que dizer de um ser
humano normal? “Ninguém percebe que
percebe”, dizem-me os teóricos do ramo.
Passa tudo direto pro subconsciente, por uma porta especial. No meio das
letras do nome do FedEx tem uma seta apontando para a frente; no logo da Vaio
uma parte representa o sistema analógico e a outra o digital; o logo da
Mitsubishi reproduz visualmente o que o nome quer dizer; o chocolate Toblerone
reproduz uma montanha e um urso.
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