Esta é uma das funções das redes
sociais, por exemplo: digitalizar nossa vidinha, nossas preferências, opiniões,
venetas, linguagens emotivas. Hoje somos seres biológicos que postam no Twitter
coisas como: “Aí, galera, estou comendo uma pizza de calabresa... Quem
vai?!”. Amanhã, seremos softwares
postando a mesma coisa; o fato de inexistirem pizzas físicas será irrelevante,
porque os outros softwares responderão: “U-hu! Tô tomando um vinho, e desejo
bom apetite!”. Para os nossos trinetos
de silício, o mundo será apenas linguagem e eles não sentirão falta das nossos
cinco sentidos. Serão uma ficção e viverão num mundo de ficção, sem referencial
físico nenhum, mas como serão ficção não conhecerão nenhum outro mundo além do seu,
e serão felizes – ou infelizes, dependendo de para onde suas ficções os
levarem.
Nesse futuro, filmes como Prometheus de Ridley Scott, The Thing de John Carpenter e outros filmes de
terror repugnante cumprirão um papel importantíssimo. Eles são o pesadelo da carne. A lembrança da existência de
criaturas feitas de uma matéria orgânica pulsante, quente, coberta de epiderme,
mucosa e pelos. Criaturas que não se
comunicam, apenas atacam, devoram e digerem outras criaturas igualmente
repugnantes. Os monstros de Ridley Scott
nos provocam engulhos de nojo diante daquela sua biologia moluscóide,
surreal, cheia de ventosas, esfíncteres e baba pegajosa.
7 comentários:
Poesia! Incrível o texto!
me lembre agora daquele filme O DEMOLIDOR no qual as pessoas se higienizam com conchinhas e fazem uma espécie de sexo virtual conectados a capacetes. Quero esse futuro bem longe de mim kkkkkkkk
Grande parte das imaginações da FC vai na direção de uma esperança da vida além-carne: "E se não precisássemos desse corpo tão problemático, tão descartável? E se pudéssemos ter uma alma imortal, só que construída por nós mesmos?".
Não sei o que é mais horripilante, continuar um ser mortal que morre depois de definhar na velhice ou ter um corpo num limbo virtual. As desvantagens do nosso corpo nós já sabemos, mas somos capazes de ser felizes com ele. E as desvantagens do virtual? Ao finalmente chegarmos lá e descobrirmos que era tão bom sentir o gosto da pizza, do vinho, do calor, do frio... e não poder mais voltar? A não ser que se queira outra coisa além de deixar o corpo, queira a eternidade. Acho que isso seria horrível! Vou pensar nisso, obrigado, Braulio por levantar tamanha questão.
Se o corpo tem que acabar um dia, melhor continuarmos existindo como memórias digitalizadas do que não existir absolutamente. Eu preferiria virar software do que parar de pensar.
E a infinidade de almas-software, que nunca se extinguirão a não ser que se apaguem? No cenário imaginado pelo Braulio não haveria superlotação, já que o espaço seria limitado apenas ao tamanho da(s) mídia(s) física(s) que armazenasse(m) o mundo. O homicídio seria abolido; em seu lugar, a terrível Deleção - ou haveriam backups da consciência digital?
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