segunda-feira, 10 de maio de 2010

2022) Marina Silva para Presidente (1.9.2009)



No domingo passado, a senadora Marina Silva foi filiada ao Partido Verde (PV), e já se começa a lançar seu nome como candidata à presidência da República em 2010. Faz sentido. Se a facção direitista da esquerda (o governo Lula) propõe Dilma, cabe à facção esquerdista da mesma esquerda propor Marina. É como no baralho: para cortar uma Dama, quem não tem um Rei pode jogar na mesa uma Dama de trunfo. A condição de “trunfo”, no caso, é o fato de que a esta altura Dilma está misturada demais com isso-tudo-que-está-aí. Parece menos uma ex-guerrilheira do que uma futura-Margareth-Thatcher; enquanto que Marina ainda preserva grande parte da integridade ideológica e moral que trazia quando entrou para a política.

Marina tem vários charmes. Primeiro, as mulheres estão em alta na política, e na América do Sul já governam Chile e Argentina. Bem ou mal, é uma mudança – se não de governo, pelo menos de mentalidade sexista. Em segundo lugar, se não é preta retinta, está na faixa racial que nos faz considerar negro um Barack Obama, pelo menos. Em terceiro lugar, é da imensa, ilimitada, incontável família Silva, que a cada década vem ganhando espaço na política brasileira (veja-se Luiz Inácio Lula da Silva). E é do lado “moreninho” da família, que já nos deu o atual ministro Orlando Silva e a ex-ministra e ex-governadora Benedita da Silva. Há quem torça o nariz para o desempenho desses funcionários públicos. Mas o simples fato de que eles estejam chegando a esses cargos pode ser comemorado num país como o nosso, terra de poucos caciques (todos brancos) e muitos índios.

Não vou seguir enumerando as qualidades ou limitações de Marina Silva porque as páginas aqui em volta já devem estar se encarregando disso. Vou pular para outro assunto. Marina será, ao que tudo indica, a próxima vítima que estaremos oferecendo em sacrifício ao altar do Moloch Republicano, aquele Deus carnívoro, canibal, faminto, impiedoso, que exige sacrifícios humanos para saciar sua sede bestial de sangue e de reputações. Porque daqui de onde enxergo a política, vejo-a como uma sucessão de oferendas a esse Deus que traz para seu altar pessoas íntegras e as transforma em corruptos, traz homens bem-intencionados e os transforma em espertalhões e cínicos, traz indivíduos quixotescos, cheios de sonhos de transformação social, e os transforma em botadores-de-panos-quentes, fabricantes de placebos políticos, fornecedores de novos discursos para as velhas práticas de sempre.

A este altar sacrificamos nos últimos tempos (para dar apenas dois exemplos ilustres) o sociólogo de esquerda Fernando Henrique e o líder operário Lula. Uma vez assentados no trono de Moloch, transformaram-se em figuras de rostos indistingúiveis dos de sempre: ACM, Sarney, Caiado, Collor, Alkmin, Inocêncio, Serra, Roriz, Jereissati, Calheiros... É a esse altar que nos preparamos para oferecer Marina. Que seu sacrifício traga algum proveito ao povo que a escolherá.

Um comentário:

Anônimo disse...

puro delírio... Marina de esquerda! O PV endireitou, mas não foi só aqui; na Alemanha... Mas, e o Gabeira que estira o tapete para Cesar Maia, Zé Agripino...DEM. E o filho do Sarney que é dirigente da sigla... E a Micarla, prefeita de Natal, filha do senador do Centrão que ganhou uma TV... que é DEM, desde antes de nascer... Isso é partido de esquerda... Na classificação por qualquer cientista político, o PV está na direita em direção ao centro... E a Marina ainda diz: se ganhar governo com os melhores do PT, PSDB e DEM... Mas onde é que está a diferença dela para DILMA e SERRA.. Penso que nenhuma... É só mais uma no tabuleiro.. e pior porque é vazia....