sábado, 13 de março de 2010
1785) O custo da farra financeira (28.11.2008)
No saite BoingBoing, Cory Doctorow transcreve uma interessante analogia preparada por Barry Ritholtz (ver em: http://www.boingboing.net/2008/11/25/bailout-costs-more-t.html) sobre os valores numéricos da crise atual. Ele compara esta crise com uma série de grandes investimentos ou grandes prejuízos financeiros do passado, sempre comparando o dólar da época com o de hoje, e fazendo a devida correção monetária. Tudo isto, diz Ritholtz, para nos dar uma idéia do que significa “um prejuízo de 4,62 trilhões de dólares”.
Segundo ele, o Plano Marshall (ajuda financeira dos EUA para reconstrução da Europa após a II Guerra Mundial), custou 12,7 bilhões de dólares na época, que seriam 115,3 bilhões em moeda de hoje. A compra do estado da Louisiana, nos EUA, por 15 milhões de dólares da época, teria custado, hoje em dia, 217 bilhões. A corrida espacial para a Lua (36,4 bilhões) custou em moeda de hoje nada menos do que 237 bilhões de dólares. A Guerra da Coréia custou 54 bilhões, o que seria hoje algo em torno de 454 bilhões. A crise da poupança e dos empréstimos dos anos 1980 nos EUA (“Savings & Loan Crisis”) resultou num prejuízo de 153 bilhões de dólares pagos pelo contribuinte norte-americano, que seriam cerca de 256 bilhões em moeda de hoje. E tem também o “New Deal” do Presidente Roosevelt, para tirar o país da Grande Depressão dos anos 1930: o governo gastou na época 32 bilhões, que hoje chegariam a mais ou menos 500 bilhões.
Não pára por aí. Vamos somar a essa lista a invasão do Iraque, com um custo de 551 bilhões de dólares, que seriam 597 bilhões com o ajuste financeiro. Vamos somar a Guerra do Vietnam e seus 111 bilhões, que hoje em dia representariam 698 bilhões de dólares. E o custo da NASA (o jornalista não explica se isso é o custo total de todos os programas da NASA ou apenas as despesas operacionais, mas vá lá), num total de 416,7 bilhões, que corrigidos resultariam em 851,2 bilhões de dólares.
Parece muito dinheiro gasto, não é? E gasto em empreendimentos titânicos, que muitas vezes se estenderam ao longo de décadas. Pois bem: Ritholz diz que tudo isto, somado, não se compara ao que o mundo gastou nos últimos meses para pagar o prejuízo causado pela especulação financeira, pela “bolha de prosperidade”, pela “nuvem de dinheiro” que circulava o planeta, chovendo onde lhe dava na telha. Todos estes empreendimentos acima, somados, chegam apenas a 3,92 trilhões de dólares. São empreendimentos de porte gigantesco, que mudaram a história dos EUA e de outros países (Iraque, Coréia, Vietnam) e em alguns casos a história da Humanidade inteira, como o programa espacial. E tudo isto somado não consegue se igualar aos tais 4,62 trilhões de dólares que o conto-do-vigário neo-liberal fez evaporar, e que nós todos iremos pagar do nosso bolso nos próximos anos.
Pois é. Eu vivi para ver o fim do Comunismo, e nunca pensei que veria o fim do Capitalismo logo a seguir. Bem feito para os dois.
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