(A Arca Russa)
Todo crítico de cinema gosta de fazer sua lista dos “Melhores do Ano”, e resolvi fazer a minha. Não sou propriamente crítico de cinema, mas um comentarista de filmes, e a verdade é que vou muito pouco ao cinema. Não vi alguns dos filmes mais comentados deste ano: não vi Kill Bill, Peões, Olga, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Os Incríveis, As Invasões Bárbaras... Então não levem muito a sério esta lista, que não reflete o ano do mundo, mas apenas o meu. Alguns filmes foram lançados em 2003, mas só os vi em 2004. Sem nenhuma ordem de preferência:
DOGVILLE de Lars von Trier, um pesadelo sobre a crueldade e insensibilidade humanas, numa concepção cênica magistral que mistura cinema e teatro com rara eficácia. O RETORNO DO REI, o mais visualmente grandioso dos três filmes do “Senhor dos Anéis”, um filme para deleitar os olhos, e uma adaptação surpreendentemente fiel do livro de Tolkien. ALGUÉM TEM QUE CEDER, uma comédia meio bobinha, mas não é todo dia que você pode ver Jack Nicholson e Diane Keaton num mesmo filme, ambos mostrando na cara e no corpo a idade que realmente têm. A ARCA RUSSA, um plano-seqüência de quase duas horas de duração, no interior do Museu Armitage, em São Petersburgo. Uma experiência cinematográfica inesquecível, filme para comprar e ter em casa.
AS BICICLETAS DE BELLEVILLE, desenho animado francês com um traço invulgar, roteiro muito criativo, algo que deveria ser mostrado a todos os garotos que pensam que animação se divide entre Walt Disney e a Pixar. DIÁRIO DA MOTOCICLETA, um filme que só foi discutido por dois ângulos (“Che Guevara era bom ou ruim? O filme é brasileiro ou não?”), mas que seria um bom filme mesmo que fosse uma história de ficção, dirigida por um argentino. SHREK 2, uma gozação digital bem-humorada, intensamente referencial (tem uma citação ou paródia em quase todas as cenas).
FAHRENHEIT 9/11 de Michael Moore, um salutar exemplo de que não são apenas os soviéticos que fazem filmes de agitação e propaganda, os americanos também têm uma queda danada para o gênero. CRÔNICA DA INOCÊNCIA, história de um garoto que pensa ser a reencarnação de um garoto morto, filho de outra mulher; curiosa experiência narrativa de Raul Ruiz, chileno especializado em filmes muito pouco narrativos. O ESPANTA TUBARÕES, um ótimo desenho animado digital na linha de “Procurando Nemo”, meio inspirado no conto popular do alfaiate “Mata Sete”, um cara pacífico que é tido como valentão. MÁ EDUCAÇÃO, mais uma viagem típica de Almodóvar em tornos de seus lugares comuns (cinema, homossexualismo, crime passional, igreja), como sempre com um roteiro cheio de reviravoltas e com excelentes atores.
E desculpe se achou a lista desigual, caro leitor, porque não é a lista dos melhores filmes que vi este ano. Estes são todos os filmes que me lembro de ter visto este ano. Hoje em dia sou acima de tudo um escravo do DVD e da TV a cabo, mas a casa do cinema tem muitas moradas.
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