terça-feira, 17 de maio de 2011
2558) Domingo de bola (17.5.2011)
O domingo passado foi o domingo dos campeões estaduais, com algumas surpresas e várias jornadas épicas. (Aqui no Rio de Janeiro foi um domingo de TV, porque o Flamengo simplificou o processo ganhando invicto os dois turnos.) Eu me juntei com uma galera pernambucana para torcer pelo hexa do Sport, que mais uma vez ficou pra próxima. (Parece que pro Leão ganhar cinco títulos é mais fácil do que ganhar o sexto.) O Santa Cruz, com um time mais modesto (em grana e em futebol) jogou com garra e sustentou até quase o final o 0x0. O juiz, esperto, calou a boca da torcida do Sport inventando um pênalte aos 48 minutos, que não serviu para nada. Marcelinho Paraíba converteu, o jogo acabou, e ele, como bom raposeiro, ainda tentou inventar uma briga pra não perder a viagem.
De crista baixa, fui ver quanto tinha sido o jogo do Galo mineiro, que esteve com o jogo nas mãos (jogava pelo empate) e deixou escapar. Surpresa mesmo foi o Bahia de Feira de Santana, que derrotou o Vitória no Barradão, para a festa de 30 e poucos feirenses perdidos no meio da multidão rubronegra. Isso, sim, é uma decisão que nenhum time tem o direito de perder.
Decisão mais tranquila (a julgar pelos Melhores Momentos, no SporTV) foi a vitória do Santos sobre o Corinthians, resultado justo, lógico e previsto, porque o Santos está na ascendente há bastante tempo (agora mais ainda, com Muricy como técnico), e o Corinthians numa entressafra danada, com um time sem muito brilho e esperando Adriano emagrecer.
A grande batalha épica do domingo, no entanto, foi o Gre-Nal, talvez o jogo mais emocionante, cheio de alternativas. Internacional e Grêmio são um dos poucos casos, no futebol brasileiro, em que as torcidas parecem torcer mais contra o adversário do que a favor do seu próprio time. Os gaúchos parecem pensar no adversário desde o instante em que acordam ao instante em que vão dormir (e sonham com ele, também). Os dois jogos decisivos foram simétricos, com o visitante ganhando de 3x2 no campo do adversário. O título foi decidido nos pênaltis com três defesas de Renan, que havia falhado em três dos cinco gols gremistas nos dois jogos.
Grêmio e Inter parecem dois irmãos siameses de tragédia grega, duas faces de uma mesma moeda. Por alguma magia misteriosa, o destino de um está colado ao do outro, e tudo que acontece ao vencedor acaba acontecendo também com o vencido, e vice-versa. Já escrevi aqui (“Os jogos simétricos”, 11.7.2009) sobre dois jogos, em dias consecutivos, em que Inter e Grêmio foram eliminados em Porto Alegre por Corinthians e Cruzeiro em jogos com uma marcha do placar absolutamente idêntica. O que escrevi na época se aplicaria às finais do Gaúcho deste ano: “Simetrias improváveis aparecem quando menos se espera, e nos dão a impressão de que vimos a repetição de um padrão, de um ornato, a justaposição de duas coisas que alguém tornou iguais porque isso lhe dava algum tipo de prazer estético.”
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