terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

1629) O Teletroscópio (1.6.2008)




Os espectadores do Jornal Nacional viram recentemente uma matéria a respeito de duas estruturas estranhíssimas surgidas em Nova York e Londres. Elas se assemelham à entrada de túneis ou às extremidades de algum gigantesco cano metálico, revestido de adornos que lhe dão uma aparência meio século 19. Só que a enorme abertura, por onde algumas pessoas poderiam entrar sem dificuldade, é tapada por um vidro, e podemos apenas espiar através dela. Surpreendentemente, um transeunte londrino que espie do seu lado verá, no que parece ser a extremidade oposta do enorme tubo, uma paisagem de Nova York; e um espectador novaiorquino verá, como se estivesse a apenas algumas dezenas de metros, uma paisagem de Londres.

A matéria da Globo foi simpática, mas não pôde aprofundar a descrição da engenhoca, que foi batizada de “Teletroscópio” por seus criadores. A idéia por trás do Teletroscópio é dar a impressão de que um enorme tubo retilíneo foi escavado terra adentro, ligando com uma linha reta as duas cidades. Se imaginarmos a curvatura da Terra como um arco de círculo, o tubo seria a “corda” desse arco, ligando os dois pontos pelo caminho mais curto, subterrâneo.

O projeto do Teletroscópio pode ser visto por inteiro no seu próprio websaite, que traz boas ilustrações sobre esse tubo fictício: http://tinyurl.com/4rb3pz. O saite conta a história fictícia de Alexander Stanhope St George (1848-1917), um inglês que, sendo admirador das grandes obras de engenharia, decidiu construir um túnel ligando Nova York a Londres, para que as pessoas pudessem fazer o trajeto por terra, e não por mar. Depois de constatar que o traslado dos passageiros envolvia uma série de dificuldades, ele alterou o plano para a construção de um gigantesco aparelho óptico através do qual as pessoas pudessem ver-se mutuamente, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

As escavações tiveram início numa ilha descoberta por Stanhope no Atlântico, mais ou menos a meio caminho entre os dois continentes. Nela foi aberto um túnel vertical que, a certa profundidade, estendia-se lateralmente em dois sentidos opostos, rumo à Inglaterra de um lado e do outro rumo aos EUA. Depois de construídas as “saídas”, foi montada uma complicada aparelhagem de espelhos e de recursos de ampliação óptica, para fazer com que as imagens pudessem atravessar a enorme distância sem perda de qualidade.

Todo o projeto do Teletroscópio pode ser encarado como um romance de ficção científica complementado por uma obra de engenharia que lhe serve de ilustração. Claro que o túnel não existe, e mesmo que existisse dificilmente as pessoas poderiam se avistar de uma extremidade à outra com recursos puramente ópticos. O que existe é um sistema de câmaras de TV que transmitem as imagens de uma ponta à outra. Mas é belo o conceito do Teletroscópio como uma síntese entre a tecnologia do século 21 e a força imaginativa do século 19.

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