(Stefan Karpiniec)
Ser
frila é ser livre, leve e solto como um náufrago à sombra do coqueiro solitário
de uma ilha deserta de cartum.
Ser frila é estar sem trabalho e sem dinheiro e passar o dia vendo TV ao lado do telefone, porque é por lá que geralmente vêm as boas notícias, mas com o computador aberto na caixa de emails, que também proporciona aleluias.
Ser frila é estar sem trabalho e sem dinheiro e passar o dia vendo TV ao lado do telefone, porque é por lá que geralmente vêm as boas notícias, mas com o computador aberto na caixa de emails, que também proporciona aleluias.
“Free-lancer”
é (para os despeitados) um simples eufemismo para “desemprego reiterativo”.
Ser frila é viver ligando para colegas, não-colegas, ex-colegas, semi-desafetos, ex-namoradas, quase-namoradas e completos desconhecidos com a pergunta “E aí, tá rolando algum lance, algum trabalho novo?... Qualquer coisa me dá um toque!”.
Ser frila é pisar no abstrato, nadar no sólido, respirar no vácuo, acreditar no improvável e se alimentar do possível.
Ser frila é ter uma vida regida pelo Acaso e por decisões alheias, e se dar por satisfeito, porque tem gente que nem isso tem a seu favor.
Ser frila é viver ligando para colegas, não-colegas, ex-colegas, semi-desafetos, ex-namoradas, quase-namoradas e completos desconhecidos com a pergunta “E aí, tá rolando algum lance, algum trabalho novo?... Qualquer coisa me dá um toque!”.
Ser frila é pisar no abstrato, nadar no sólido, respirar no vácuo, acreditar no improvável e se alimentar do possível.
Ser frila é ter uma vida regida pelo Acaso e por decisões alheias, e se dar por satisfeito, porque tem gente que nem isso tem a seu favor.
Ser
frila é pegar um trabalho em janeiro, terminá-lo em fevereiro (só receber em julho),
passar março roendo as unhas e reduzindo a feira, pegar outro serviço em abril
com perspectivas de um semestre, receber em junho a má notícia do cancelamento,
mas meia dúzia de trampos de pouca monta já zeraram o déficit do orçamento, e
ainda bem que em julho surgem dois ao mesmo tempo, aos quais é prometida
dedicação exclusiva e tempo integral (porque sem essas bigamias trabalhistas ninguém
escapa!), e daí até agosto é o malabarismo de cumprir prazos e pedir
compreensão; em setembro caem do céu duas propostas irrecusáveis e
incompatíveis, e o frila tem vontade de morrer por ser obrigado a recusar uma
das duas; mas em outubro o orçamento retorna ao azul, os juros do cheque
especial se evaporam, a grana vem polpuda, novembro é um mês de orgias e
esbórnias (nas livrarias e sebos, bem entendido), e quando chega em dezembro é
preciso raspar o fundo do tacho para a catástrofe das Festas.
Ser frila é abrir uma cerveja diante das girândolas do reveion e pensar consigo: “No fim das contas, foi um ano produtivo!”.
Ser frila é abrir uma cerveja diante das girândolas do reveion e pensar consigo: “No fim das contas, foi um ano produtivo!”.
Ser frila (para o bem e para o mal) é o contrário disto.
Um comentário:
faltam 7274 dias pra eu me aposentar
mas também sou frila
com a diferença (para o bem e para o mal)
que não ganho um tostão pra fazer o que ninguém se importa se perde
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