“The Private Life”, de Henry James, é um conto de fantasmas pouco comum. Conta a história de dois indivíduos que se encontram num hotel dos Alpes, durante as férias.
O primeiro é um dramaturgo que se divide em duas cópias de si mesmo. Uma das cópias conversa abobrinhas com as damas da sociedade, enquanto a outra fica no quarto do hotel, escrevendo.
O segundo personagem é um general vaidoso e autoritário que, quando não está sendo visto por ninguém, some no ar. Não tem essência própria, tudo nele é pompa e circunstância, tudo nele é “a liturgia do cargo”.
Este último personagem me lembrou de imediato o alferes do conto “O espelho” de Machado de Assis, que quando tira a farda deixa de existir e até mesmo de se ver no espelho, mas basta-lhe vestir de novo o uniforme e todos voltam a perceber sua existência e a tratá-lo com cortesia. (Para os rastreadores de plágios e de influências: o conto de James é de 1892; o conto de Machado é de Papéis Avulsos, 1882.)
Encontrei
por aí este comentário, cujo autor infelizmente não guardei:
“Os fantasmas de Henry James estão sujeitos a brotar tanto de dentro quanto de fora; embora sejam percebidos de forma vívida, muitas vezes são tanto emanações da psiquê quanto visitantes de ‘outro mundo’. Sem dúvida, é precisamente a indefinição entre essas duas condições que lhes confere poder imaginativo”.
O comentário é pertinente porque o conceito de fantasma parece a alguns ser (e não é) ligado ao conceito religioso de alma. Um fantasma seria apenas um espírito que sobrevive à morte do corpo e consegue comunicar-se com os vivos, ou pelo menos ser percebido por eles.
“Os fantasmas de Henry James estão sujeitos a brotar tanto de dentro quanto de fora; embora sejam percebidos de forma vívida, muitas vezes são tanto emanações da psiquê quanto visitantes de ‘outro mundo’. Sem dúvida, é precisamente a indefinição entre essas duas condições que lhes confere poder imaginativo”.
O comentário é pertinente porque o conceito de fantasma parece a alguns ser (e não é) ligado ao conceito religioso de alma. Um fantasma seria apenas um espírito que sobrevive à morte do corpo e consegue comunicar-se com os vivos, ou pelo menos ser percebido por eles.
Um: emanações perceptíveis, produzidas pela mente de uma pessoa viva sob forte tensão (as aparições e desdobramentos, como a do dramaturgo descrito por James).
Dois: a existência de frestas no espaço-tempo que captam uma “fotografia animada” de alguém que as atravessa, e as reproduz depois, quando tais ou tais condições forem preenchidas.
Três: a existência em nossa mente de um “gatilho” alucinatório, espécie de esquizofrenia controlada, que é deflagrado em momentos de tensão fazendo nosso inconsciente projetar uma imagem aparentemente exterior a nós (o espectro) que interfere em nossa conduta.
Quatro: a existência de redemoinhos localizados do espaço-tempo, onde visões do passado ou do futuro podem ser percebidas de modo aleatório por um observador externo.
Só nestas sugestões já temos quatro pontos de partida para histórias de fantasmas sem fundo animista ou religioso.
Um comentário:
Aliás, estariam aí tb possíveis explicações tanto referentes à visões d pessoas como Nostradamus, como da impossibilidade dos mesmos terem controle sobre as mesmas.
Postar um comentário