domingo, 25 de abril de 2010

1953) O Brasil no topo (12.6.2009)



Em apenas dois jogos, a Seleção Brasileira fez muita gente morder a língua, inclusive eu, que não botava fé em que o time de Dunga vencesse Uruguai e Paraguai na mesma rodada. Venceu e venceu bem, principalmente no primeiro jogo. Terminada a partida em Montevidéu, com 4x0 no placar, um amigo meu comentou: “Ninguém ganhou esse bolo”. Só quem pode ter previsto um resultado assim, principalmente quando não ganhávamos “lá dentro” há mais de 30 anos, seria uma dessas mães ou tias da família que entram no bolo só de farra, e cravam, invariavelmente, uma goleada a favor do Brasil.

O Brasil contou com a sorte no gol que Daniel Alves fez lá de longe, mas os demais foram gols trabalhados com consciência, inclusive o do pênalte sofrido e cobrado por Kaká. A defesa esteve brilhante, desarmando e rebatendo tudo, principalmente quando o Uruguai, depois do primeiro gol, deu um sufoco contínuo de uns quinze minutos, em que Julio César fez milagres. O placar moral seria de uns 5x2, mas foi uma goleada que nem os uruguaios contestaram.

Vencer o Paraguai “aqui dentro” era igualmente difícil. O adversário é mais fraco historicamente mas vive um momento melhor, e vinha na liderança das Eliminatórias. E já sabemos que qualquer time, quando vem jogar aqui no Brasil, bota a defesa na pequena área, o meio de campo na marca do pênalte e o ataque na meia-lua. Talvez por chegar com bafejos de líder o Paraguai saiu para o jogo e fez um gol contando com a sorte. Robinho, que ainda hoje não é um bom finalizador, acertou um chute difícil e empatou o jogo.

No segundo tempo Nilmar fez o segundo. É um jogador leve, ágil, inteligente, um dos melhores atacantes em ação no Brasil. Ele e Robinho são a dupla perfeita para um jogo em que seja preciso fazer tabelas, infiltrações rápidas ou contra-ataques. O jogo só não acabou em clima de euforia porque, sendo um jogo aberto, sem muita retranca, permaneceu indefinido até acabar. O Brasil perdeu pelo menos três chances claras de gol (uma com Robinho e duas com Alexandre Pato), e o Paraguai umas duas, de modo que até o final perdurou uma certa ansiedade.

Dunga é um técnico contestado, e não seria minha escolha. Mas está conseguindo aos poucos os resultados necessários, num estilo devagar-e-sempre. Sabe armar uma boa defesa e protegê-la bem, mas no ataque parece não ter muitas idéias e ficar perguntando aos jogadores o que fazer. Sofreu o diabo com a instabilidade dos atacantes. Luís Fabiano, desde o ano passado, vem sendo a salvação da lavoura. Pode ser que Nilmar se encaixe bem neste time, no qual, ao contrário de muitos jornalistas, não vejo lugar para Ronaldo Fenômeno. Ronaldinho Gaúcho talvez se recupere daqui para a Copa, mas também não sou otimista. Acho que o miolo da defesa da Seleção está perfeito, embora os laterais mereçam mais estudo. Na frente, temos Kaká, Robinho, Fabiano, Nilmar, Pato... O time está amadurecendo, e não precisa ser agora. É daqui a um ano.

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