sexta-feira, 5 de março de 2010
1745) Brasil 4x0 Venezuela (14.10.2008)
E lá vai a Seleção de Dunga, na sua gangorra de bons e maus resultados, sintoma clássico de um time que ainda não se encontrou e cujo destino depende de fatores fora de seu controle. No jogo de domingo passado, o fator benfazejo foi o clima de bravata com que os venezuelanos cercaram o jogo. Inspirados certamente no espírito do seu presidente, o fanfarrão Hugo Chávez, torcedores, imprensa e jogadores andaram bradando que iriam repetir a vitória por 2x0 que haviam conseguido no último confronto. Durante a execução do Hino brasileiro, ouviram-se vaias. Começado o jogo, o time da Venezuela lançou-se para a frente, de forma quixotesca. Quase faz um gol com dois minutos, mas aos 18 já tinha tomado três, e o jogo acabou ali.
O nivelamento por baixo que tem ocorrido no futebol criou uma situação curiosa. Os jogos mais fáceis do Brasil são os que ele disputa fora de casa, e os mais complicados são os do Maracanã, Morumbi, etc. Entende-se por quê. Antigamente o Brasil era invicto nas eliminatórias das Copas. Desfilava pelos gramados do continente, aplicando goleadas e bocejando. Agora a situação mudou, e times como Bolívia, Equador, Paraguai, até mesmo a Venezuela vão dormir cheios de esperança na véspera dos jogos. “Quem sabe (pensam) se não ganhamos do Brasil amanhã?” Quando o jogo é na casa deles, a imprensa se encarrega de lhes aplicar uma ampola dupla de ambição e de otimismo, falando em Pátria, condenando “el imperialismo brasileño...” Vai daí que, jogando em casa, todos eles se atiram ao ataque acreditando que vão ganhar de nós, e se esquecem de marcar Kaká, Robinho e Adriano. Putufo! Bola na rede.
Quando o jogo é aqui, claro, a coisa muda de figura, e eles voltam à velha retranca que os tem acompanhado e protegido há décadas. E é a vez do Brasil entrar em campo cercado pelo ufanismo, porque agora é a nossa imprensa e a nossa torcida que se arregimentam esperando o “espetáculo”, a goleada, a pedalada, o drible de placa... De vez em quando acontece. Geralmente, não. Ficam os nossos jogadores tolhidos, encolhidos, livrando-se da bola com medo de errar; ou então sassaricando para as câmaras e os olheiros europeus. Vêm daí alguns resultados constrangedores obtidos em casa, como o recente empate de 0x0 com a Bolívia.
O Brasil não deixará de se classificar para a Copa, ainda que seja atrás de Paraguai, Argentina & Cia. É até bom que sofra. É até bom que leve uma surrinha de vez em quando, para perder o salto-alto que o derrotou na Alemanha em 2006. Pena que tudo isto não esteja acontecendo com um técnico que infundisse mais segurança do que o estreante Dunga. Eternamente zangado, ele demonstra como técnico as qualidades e os defeitos que tinha como jogador. Sua Seleção é defensiva porque os técnicos de hoje não querem ganhar jogos, querem manter empregos. Torçamos por ele e por ela, porque não nos resta opção, mas o caminho da vitória é de cascalho, e os pés irão descalços.
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