terça-feira, 19 de maio de 2009

1033) Mais gols da Copa (8.7.2006)



Os deuses do futebol devolvem com uma mão o que tiraram com a outra. Em 2002, Ronaldinho Gaúcho fez na Inglaterra aquele gol de falta lá do meio do campo, desmoralizando o goleiro Seaman. Agora, no jogo de 2x2 com a Suécia, coube ao inglês Joe Cole marcar um gol parecido e muito mais sensacional, uma das obras-primas da Copa até agora. Recebeu pelo lado esquerdo da intermediária, matou a bola e mandou um tirambaço de efeito, pegando adiantado o goleiro sueco, e colocando a bola de rosca lá no ângulo. Um gol para se ver o replay de joelhos.

Gol repetido por Maxi Rodríguez, da Argentina, com o gol que desclassificou o México. Desta vez a bola veio de Sorín, lá da ponta esquerda, e Rodríguez estava no bico direito de área. Recebeu a bola no peito e, sem deixar cair, mandou de pé esquerdo no ângulo direito. O gol salvou a Argentina, que não estava conseguindo furar a defesa do México, e dependia de um chute longo para acertar o gol. (Depois que escrevi estas linhas, vi na Globo um replay dos gols de Cole e Rodríguez, em imagens lado a lado, mostrando a semelhança entre os dois).

Do Brasil, vou escolher o último de Ronaldo contra o Japão, por causa da participação de Juan. O melhor zagueiro da fase classificatória da Copa (estatísticas da Fifa) ganhou uma bola na defesa, tinha espaço pela frente, e partiu. Quando o zagueiro vem desmarcado lá de trás, os defensores ficam com medo de “ataiar o home” e deixar alguém desmarcado. Juan foi, foi, tocou para Ronaldo, recebeu de volta, tocou de novo, aí Ronaldo girou num semicírculo fazendo a bola sobrar para o pé direito, e desferiu uma bomba que compensou com juros aquela vergonhosa “cheirada” que deu contra a Austrália.

Tiro o chapéu para David Beckham, um craque muito antipatizado neste país pelo fato de ser garoto-propaganda-de-si-mesmo. Mas se pegarmos uma peixeira daquelas bem boas e descascarmos todo o marketing, toda a parafernália “fashion” e “metrossexual”, toda a badalação pop, é um ótimo jogador, e bate na bola como ninguém. Seu gol de falta contra o Equador, nas oitavas de final, foi irretocável. Uma bola de curva, rente à trave, sem muita força mas inalcançável. E o melhor: um gol que ele já fez incontáveis vezes, tanto pela Inglaterra quanto pelo Real Madrid, ou seja: não é sorte, é competência. Até agora, a falta mais bem batida da Copa.

E há os gols que não são propriamente bonitos, mas mostram a inteligência por trás do jogo. Os três gols do Brasil em Gana foram três bolas enfiadas no meio da defesa adversária, que tentava fazer linha de impedimento. No primeiro e no último, Ronaldo e Zé Roberto entraram à vontade, na cara do goleiro. No segundo, a bola enfiada foi para a ponta-direita, onde Kaká e Cafu entraram livres para proporcionar a Adriano o gol (um gol meio de canela, parecida com um que Tostão fez na Copa de 70, no Peru, acho). Gols de beleza tática, feitos de paciência na espera, rapidez no lançamento e frieza na conclusão.

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