Deu na TV há poucos dias. Um cara foi apanhado fazendo uma prova, se não me engano num concurso da Ordem dos Advogados do Brasil, com um ponto eletrônico no ouvido. Alguém de fora do prédio soprava para ele as respostas. Ao ser descoberto, o sujeito engoliu o ponto eletrônico! Até agora não sei o que aconteceu com ele, se fez uma cirurgia para extrair o troço, ou se esperou que a Natureza resolvesse um imprevisto dessas proporções. Para mim, bastaria este “tresloucado gesto” para provar que o sujeito não regula bem, mas tem mais. Interrogado pelas autoridades, ele confessou que tinha pago 15 mil reais pelo golpe, e que depois da prova pagaria mais quinze.
Hospício nele, né, pessoal? Eu posso encher laudas de sugestões sobre maneiras melhores de gastar 30 mil, em vez de engolindo engenhocas eletrônicas. Um exemplo: separar 5 mil para as despesas do mês, e passar seis meses estudando para a tal prova, em tempo integral (com folgas para ir à praia, namorar, tomar cerveja). Com uma vantagem adicional: depois de passar na prova o conhecimento adquirido continuaria intacto. Pelo plano do nosso trambiqueiro trapalhão, ele pagaria 30 mil pelo uso do “gadget” durante algumas horas, e depois de passar na prova retornaria à estaca zero, ou seja, continuaria analfabeto em ciências jurídicas (o que ele evidentemente é). Parece o personagem de Tom Cruise em De Olhos Fechados, achando que não ia ser flagrado como penetra numa festona como aquela.
Há duas lições neste episódio. Lição 1: os jovens de hoje não sabem pensar a longo prazo, estão sendo criados numa cultura da ação rápida e do retorno imediato. Estudar seis meses? Para quê, se eu posso armar um trambique que vai me dar o mesmo resultado e só vai me ocupar durante seis horas? O mundo é rápido, a vida é curta. Um cara de vinte e poucos anos não pode se dar o luxo de passar seis meses estudando. Quando eu tinha dezoito anos a moda era a tal da “leitura dinâmica” ou “leitura diagonal”, que possibilitava você ler um livro de 300 páginas em uma hora. Depois vieram os tais dos “cursos intensivos”, tipo o saudoso “Artigo 99”, em que você estudava um ano e cumpria os três anos do Segundo Grau. E assim por diante.
Eu chamo a isto a solução “Professor Pardal”. Professor Pardal tinha uma pílula para tudo: pílula para aprender chinês, pílula para jogar basquete, pílula para conquistar garotas. Para qualquer habilidade ou talento em que alguém estivesse interessado, havia uma pílula instantânea que fornecia exatamente aquilo. É o sonho dourado da cultura baseada na indústria, na publicidade e na competitividade. O sujeito não entende bulufas de Direito, mas logo aparece alguém que lhe oferece a Pílula Jurídica: você paga 30 mil, engole ela, e vira Rui Barbosa por uma manhã.
E tem a Lição 2: como diz uma antiga lei da Física Aplicada, um otário e seu dinheiro são forças que se repelem. Pense num jeito fácil de arrancar 30 mil dum camarada rico e burro!
Hospício nele, né, pessoal? Eu posso encher laudas de sugestões sobre maneiras melhores de gastar 30 mil, em vez de engolindo engenhocas eletrônicas. Um exemplo: separar 5 mil para as despesas do mês, e passar seis meses estudando para a tal prova, em tempo integral (com folgas para ir à praia, namorar, tomar cerveja). Com uma vantagem adicional: depois de passar na prova o conhecimento adquirido continuaria intacto. Pelo plano do nosso trambiqueiro trapalhão, ele pagaria 30 mil pelo uso do “gadget” durante algumas horas, e depois de passar na prova retornaria à estaca zero, ou seja, continuaria analfabeto em ciências jurídicas (o que ele evidentemente é). Parece o personagem de Tom Cruise em De Olhos Fechados, achando que não ia ser flagrado como penetra numa festona como aquela.
Há duas lições neste episódio. Lição 1: os jovens de hoje não sabem pensar a longo prazo, estão sendo criados numa cultura da ação rápida e do retorno imediato. Estudar seis meses? Para quê, se eu posso armar um trambique que vai me dar o mesmo resultado e só vai me ocupar durante seis horas? O mundo é rápido, a vida é curta. Um cara de vinte e poucos anos não pode se dar o luxo de passar seis meses estudando. Quando eu tinha dezoito anos a moda era a tal da “leitura dinâmica” ou “leitura diagonal”, que possibilitava você ler um livro de 300 páginas em uma hora. Depois vieram os tais dos “cursos intensivos”, tipo o saudoso “Artigo 99”, em que você estudava um ano e cumpria os três anos do Segundo Grau. E assim por diante.
Eu chamo a isto a solução “Professor Pardal”. Professor Pardal tinha uma pílula para tudo: pílula para aprender chinês, pílula para jogar basquete, pílula para conquistar garotas. Para qualquer habilidade ou talento em que alguém estivesse interessado, havia uma pílula instantânea que fornecia exatamente aquilo. É o sonho dourado da cultura baseada na indústria, na publicidade e na competitividade. O sujeito não entende bulufas de Direito, mas logo aparece alguém que lhe oferece a Pílula Jurídica: você paga 30 mil, engole ela, e vira Rui Barbosa por uma manhã.
E tem a Lição 2: como diz uma antiga lei da Física Aplicada, um otário e seu dinheiro são forças que se repelem. Pense num jeito fácil de arrancar 30 mil dum camarada rico e burro!
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