Haley Waldman é uma garota de 8 anos que vive no estado de New Jersey, nos EUA. Sua família é católica, e há pouco tempo Haley começou os preparativos para a sua primeira comunhão. Durante o processo, sua mãe avisou a Diocese de Trenton de que a garota iria precisar de uma hóstia especial, que não contivesse trigo, porque sofre de uma doença que não lhe permite absorver sequer a menor quantidade de glúten, contido no trigo. (Chama-se “doença celíaca”, só pode ser tratada com dieta, e o leitor pode achar mais detalhes em: http://www.acelbra.org.br/2004/index.php).
Aí começou o drama. O pessoal da diocese fincou pé: a hóstia tem que ser feita de trigo, não se pode usar uma hóstia de arroz, como a mãe sugeriu. Foi criado um impasse. A mãe recorreu a um padre de uma paróquia vizinha, que concordou em usar a hóstia de arroz, e a comunhão foi realizada. Mas aí o Vaticano recusou-se a validar o sacramento. A mãe ficou mandando cartas aos jornais e às autoridades eclesiásticas. A Igreja manteve-se firme, dizendo que não podia ceder. E a briga continua.
Eu estudei em colégios católicos (as Lurdinas, e o Alfredo Dantas de Professor Loureiro), e até numa universidade católica, mas nunca comunguei até hoje. E me recordo dos terríveis pesadelos e das noites de insônia, quando nos ameaçavam com a comunhão. Digo “ameaçavam” porque para nós a perspectiva de receber Jesus era desse tamanhinho comparada com as catástrofes que podiam acontecer: a hóstia virar sangue, a gente morder a hóstia e ir para o Inferno, e assim por diante. Eu ainda não conhecia a expressão “relação custo-benefício”, mas achei melhor não correr o risco.
Diante desse impasse entre os dogmatismos dietéticos da Medicina e da Igreja, fico pensando que a menina deve estar passando por um purgatório ainda pior do que o meu. Achei de início que a Igreja é quem deveria ceder. A Transubstanciação, pelo que entendo hoje, ocorre como uma conseqüência do ritual, e não acho que Deus, se é tão Onipotente quanto reza a bula, se sinta impedido de receber a alma de uma menina inocente só porque a hóstia é de arroz. Uma das coisas que mais me comoveram em minha educação católica foi quando me disseram que qualquer pessoa, até eu, poderia batizar uma criança doente, tocando-a com o dedo molhado em água comum e proferindo a fórmula do batismo. Isto me pareceu da mesma ordem de grandeza moral do direito jurídico que permite a qualquer cidadão, sem ser formado em Direito, redigir seu próprio pedido de habeas-corpus. Qual o problema, então?
O problema (disse-me um amigo, que é ateu, cínico, realista) é que se liberarem hóstia de arroz (e se liberarem vinho sem álcool para ex-alcoólicos) daqui a pouco tem gente querendo estender esse direito em todas as direções, dispensar a hóstia e o vinho, e comungar usando Cheetos e Coca-Cola. A Igreja não é besta, e sabe muitíssimo bem do que este mundo de hoje é capaz.
Um comentário:
O problema (disse-me um amigo, que é ateu, cínico, realista) é que se liberarem hóstia de arroz (e se liberarem vinho sem álcool para ex-alcoólicos) daqui a pouco tem gente querendo estender esse direito em todas as direções, dispensar a hóstia e o vinho, e comungar usando Cheetos e Coca-Cola. A Igreja não é besta, e sabe muitíssimo bem do que este mundo de hoje é capaz.
blz meu amigo, me chamo alexandre, comentario futil esse dos eu amigo, me desculpe, a expressão.
a hostia ela consagrada é sim o corpo e sangue de CRISTO, o motivo pelo vaticano nao ter autorizado não sei, mas como católico também acho que deveria ser aceito uma excessão a esta menina, mas ai dizer que se estendessem este direito e bla bla bla não posso aceitar.
todos nos vivemos num mundo onde existe regras, exemplo, nós não podemos matar, roubar adulterar etc.. ja penso se estas regras não existissem?
assim é a igreja, ela tem suas regras doutrinais e devem ser seguidas, sou católico sigo minha doutrina, e creio em JESUS.
fique com DEUS e otimo trabalho voce tem com este blog, parabens
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