Coordenei para a Escola de Cinema Darcy Ribeiro (Rio de Janeiro) uma Mostra do Cinema Fantástico, com filmes nos sábados às 14:00h, entrada franca. A escola fica na esquina da Rua 1º. de Março com Rua da Alfândega, pertinho do CCBB. (Após a sessão, neste sábado, haverá debate com o prof. Sérgio Almeida.)
Hoje, sábado 20 de junho, será exibido o último filme dessa mostra: eXistenZ de David Cronenberg (1999). O diretor tem realizado thrillers policiais realistas nos últimos anos, mas marcou sua posição no cinema com uma série de filmes semi-FC descrevendo os tipos mais incômodos e delirantes de relacionamento entre seres humanos, máquinas, criaturas monstruosas em geral, num clima de estados alterados de consciência e morbidez mental generalizada. Ele já filmou autores como Don DeLillo, J. G. Ballard e William Burroughs, sempre encontrando neles pontos de contato com sua própria visão.
eXistenZ tem essa grafia no título, ao que parece, porque dois produtores do filme são
húngaros, e a palavra “isten” em húngaro significa “Deus”. E o filme, embora
não seja propriamente sobre Deus, é sobre o conceito de realidade, mostrando
pessoas que mergulham num videogame que é plugado ao usuário via uma porta
cibernética implantada na espinha dorsal, com o auxílio de cordões umbilicais
biotecnológicos. Como geralmente se dá nessas situações, depois que o
personagem dá o primeiro salto para a “outra realidade” (o game), nunca mais
vai ter certeza de onde está, se de fato voltou à realidade onde estava antes,
ou se está saltando para níveis cada vez mais remotos de realidades ilusórias.
Saber
em que plano está acontecendo cada cena é um dos passatempos deste filme que,
segundo dizem, Cronenberg teve a idéia de escrever quando entrevistou Salman
Rushdie, na época escondido do mundo devido à “fatwa” islâmica que ofereceu um
prêmio por sua cabeça. O diretor pensou em explorar num filme uma situação
assim vivida por um designer de games perseguido por um grupo armado.
Um comentário:
Pena que só li esse texto hoje, 1 dia após o evento da Darcy Ribeiro. Eu queria ter ido.
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