Sempre que alguém me pergunta coisas positivas (“Como você
se mantém tão jovem?”, “Como você consegue escrever um artigo por dia?”, etc.)
dou sempre a mesma resposta: “Café”. É
bem verdade que respondo o mesmo quando me perguntam se sou viciado em alguma
droga, porque de todas as drogas que já experimentei o café é a única que
preciso tomar diariamente para não me transformar num bagaço de ser humano,
desorientado e trêmulo. Meio litro por
dia, no mínimo; às vezes um litro inteiro.
Faz bem. Tonifica, energiza, dá
um upgrade nos neurônios e uma sacudidela no sistema neuro-vegetativo. Com algumas ressalvas. O café não pode ser muito forte: um
“espresso” pequeno, desses que a gente toma no balcão, equivale a uma xícara grande
das que faço em casa. Para ser tomado
quantitativamente, o dia inteiro, o café precisa ser um pouco diluído. Se eu tomar 2 ou 3 espressos ao longo de uma
hora, a sensação é de gastura e sobrecarga.
Tudo isto me vem à mente quando descubro, através do
inestimável saite BoingBoing, um estudo (http://bit.ly/JkGKav)
publicado neste mês de maio no “New England Journal of Medicine”, assinado por
cinco cientistas, sendo quatro deles PhDs. (Como o leitor sabe, artigo científico
é como samba-enredo de Escola, nunca tem menos de quatro autores). O artigo se intitula “Association of Coffee Drinking
with Total and Cause-Specific Mortality”.
Trocado em miúdos, ele informa que foram
estudados entre 1995 e 2008, nos Institutos Nacionais de Saúde (imagino que
seja algo como o INSS de lá) um total de 229.119 homens e 173.141 mulheres na
faixa etária de 50 a 71 anos, sendo excluídos do exame pacientes que já
tivessem doenças mais graves como câncer, doenças cardíacas e derrames cerebrais.
Os pesquisadores estabeleceram critérios para avaliar riscos
de mortalidade (por exemplo, pacientes mais velhos, ou que fumavam, foram
classificados como de maior risco). E
descobriram uma relação inversa entre o consumo de café e a mortalidade, tanto
a mortalidade por causas específicas (cardíacas, respiratórias, ferimentos e
acidentes, diabetes e infecções, menos por câncer) quanto a mortalidade em
geral, incluindo todas as causas. Os
cientistas concluem: “O consumo do café apresentou uma relação inversa com a
mortalidade total e a mortalidade por causas específicas. Se isto é uma relação causa-e-efeito ou
apenas de ordem associacional, não pôde ser determinado pelos nossos dados”. Com tantas más notícias que a TV vive nos
dando, mostrando que tudo faz mal, não custa nada comemorar esta, não é
mesmo? Adivinha o que eu vou fazer
agora.
4 comentários:
Mas tem que ver a quantidade de café que se ingere. Já lí por aí que a dose diária ideal é bem pequena para obter os benefícios. Café demais também induz a problemas como gastrite, que pode evoluir a coisas mais sérias. Ingeri-lo bem diluído pode ser um bom negócio, portanto, mas passar o dia inteiro bebendo café? sei não.
Isso mesmo, Gustavo. Tomar vários "espressos" durante o dia é overdose. Meu café é um pouco fraco, e na verdade eu tomo 2 ou 3 xícaras diluídas, em geral, às 10-11 da manhã (hora do meu desjejum) e às 9 da noite (hora do jantar). Durante o dia, tomo mineral com gás. (Cujos benefícios, aliás, preciso exaltar em outro artigo.)
Vou comemorar aqui.
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