terça-feira, 6 de julho de 2010

2235) Atentado em Nova York (7.5.2010)



Vejam que coisa insólita esse episódio do quase-atentado ocorrido dias atrás em Nova York. No sábado à noite, camelôs avistam um carro estacionado junto à calçada, perto de Times Square, soltando uma fumaça suspeita, e avisam a polícia, que descobre lá dentro bujões de gás, explosivos, etc. Rastreando a origem do carro, descobrem que ele havia sido vendido uma semana antes para um paquistanês. Saem à sua caça, e na 2a.feira à noite o descobrem num avião prestes a decolar rumo a Dubai. O paquistanês é preso e confessa tudo.

Beleza não é mesmo? O dr. Watson, por exemplo, fechou o jornal e exclamou: “Maravilha, Holmes! A rapidez dedutiva e a pronta ação da polícia estadunidense são de entusiasmar qualquer um! Telegrafarei hoje mesmo ao presidente Obama, e...” Sherlock Holmes interrompeu seu solo de violino e disse: “Meu caro Watson... Você não acha que essa história está mais mal-contada do que um capítulo de Viver a Vida ou Tempos Modernos? Reflita, meu caro doutor. Que terrorista é esse que não sabe preparar um detonador decente, um que realmente explôda e mande pelos ares, se não um quarteirão inteiro, pelo menos as lojas e os transeuntes num raio de cinquenta metros?” Watson cofiou o bigode nervosamente: “Ora, Holmes, a bomba era potente. Segundo o NY Times, consistia de três latas de propano, duas de gasolina, oito sacos de fertilizante, fogos de artifício e dois relógios.”

Holmes soltou uma risada escarninha e começou a caminhar pela sala: “Excelente descrição, Watson! Parece um carro-bomba preparado por uma comissão multi-partidária, onde cada qual conseguiu enfiar o que mais lhe interessava. Não me admiraria se, procurando melhor, a polícia encontrasse seis garrafas de champanhe, um tubo de oxigênio e 500 caixas de fósforos com a data de validade vencida. Quem preparou essa bomba não foi a Al-Qaeda, foram dois casais de meia-idade, bêbados, durante um churrasco”.

O dr. Watson ainda tartamudeou algumas justificativas, mas Holmes já empunhara o jornal e apontava outra matéria: “E diga-me, Watson, qual o terrorista profissional que, precisando de um carro para um atentado, compraria um, fornecendo na transação o seu próprio número de celular? Foi assim que o rastrearam, não é mesmo? No Rio de Janeiro, muitos bandidos não sabem ler, mas quando querem sequestrar um comerciante roubam o carro de que precisam. E que terrorista é esse que deixa uma bomba para explodir no sábado e só embarca para longe do país 48 horas depois? Ora, ora, Watson. Até mesmo você, cidadão exemplar, tomaria a prudente iniciativa de deixar a bomba ligada e rumar direto dali para o aeroporto, não é mesmo?” “Por Deus, Holmes!”, gritou o doutor. “Quem poderá estar por trás disso, então? Que cérebro diabólico...” Holmes o interrompeu: “Não sei, Watson... Mas depois que o professor Moriarty deixou crescer a barba, converteu-se ao islamismo e adotou o nome de Osama Bin Laden... tudo, tudo é possível”.

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