sexta-feira, 23 de abril de 2010

1945) O terceiro braço (3.6.2009)



Chama-se “membro fantasma” quando um indivíduo perde, por exemplo, uma perna, mas continua com a sensação física de que ela está ali. Acredita que pode movê-la. Sente frio, calor; sente que o pé está coçando e sabe que não há como coçá-lo. Parece que os nervos se acostumam a interpretar certos estímulos exteriores como vindos daquele membro, e insistem em fazê-lo mesmo quando os estão confundindo com estímulos que vêm de outra parte. Pessoas místicas tendem a interpretar isto como prova da existência de um “corpo astral”, um campo energético com o formato aproximado do nosso corpo físico, o qual subsiste mesmo depois que partes substanciais do corpo físico são destruídas.

Um caso próximo disso, mas estranhamente diverso, é o que aconteceu com uma mulher de 64 anos internada num hospital de Genebra após sofrer um derrame. Ela sente a presença de um terceiro braço e afirma ser capaz de vê-lo e de movê-lo. O braço (segundo ela) é translúcido, pálido, de aparência leitosa, e é utilizado pela mulher para coçar-se, por exemplo (ele não pode penetrar objetos sólidos). Os médicos submeteram a paciente a um teste de “ressonância magnética funcional”, comparando o comportamento de seu cérebro quando ela movia ou imaginava mover seus braços verdadeiros e depois o “braço fantasma”. Os testes indicaram que o cérebro dela acusava de fato a presença do terceiro braço, e o seu córtex visual era ativado como se de fato ela o estivesse enxergando.

Cientistas acham que um caso raro como este pode representar uma ponte entre dois fenômenos: o tradicional “membro fantasma” e as experiência “out of body”, em que uma pessoa imagina estar se desligando do próprio corpo e flutuando no ar, vendo a si própria à distância.

Um leitor da publicação online em que saiu um artigo sobre este caso (http://tinyurl.com/d8vc9o) sugeriu: “Seria interessante descobrir se o braço fantasma seria capaz de perceber um objeto que fosse desconhecido pela paciente. Talvez se pudesse colocar um objeto numa caixa, fazê-la colocar o ‘braço’ dentro da caixa, apalpar o objeto e dizer o que era. Ou então fazer algum teste para descobrir se o braço é capaz de perceber temperaturas ou de sentir dor”. Parece que os médicos suíços não tiveram essa idéia. Vai ver que são aquele tipo de médico que em vez de imaginar um teste simples pensa apenas em utilizar o equipamento milionário à disposição no hospital, como o de “fMRI” (ressonância magnética funcional). Se a paciente é capaz de sentir e mover o braço, o passo mais lógico a seguir é determinar até que ponto esse braço imaginário reproduz a percepção do tato de um membro normal. É uma anomalia involuntária, claramente um resultado do derrame, mas seria interessante descobrir se alucinações como esta poderiam ser produzidas inconscientemente para compensar a perda de um membro.

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