sábado, 30 de maio de 2015

3827) "O Ladrão de Bagdá" (30.5.2015)




Estou coordenando, para a Escola de Cinema Darcy Ribeiro (Rio de Janeiro) uma Mostra do Cinema Fantástico, com filmes nos sábados às 14:00h, entrada franca. A escola fica na esquina da Rua 1º. de Março com Rua da Alfândega, pertinho do CCBB. (Após a sessão, neste sábado, haverá debate com o prof. Sérgio Almeida.)

Hoje, sábado 30, será exibido O Ladrão de Bagdá (1940). Há uma certa dificuldade na atribuição de autoria deste filme, que durante a produção passou pela mão de vários diretores, e ora é creditado a um, ora a outro. Michael Powell e William Cameron Menzies são talvez os nomes mais citados, mas também dirigiram cenas Alexander Korda (o produtor), Zoltan Korda (irmão deste, e produtor associado), Ludwig Berger e Tim Whelan.  Feito durante a II Guerra Mundial, o filme teve parte das cenas filmadas na Inglaterra e parte nos EUA. Segundo o saite IMDB, é fácil saber o local onde foram feitas várias cenas: o rígido código moralista do cinema norte-americano da época fez com que o traje das odaliscas fosse mais “composto” nas cenas ali filmadas.

É uma fantasia oriental, a história de um jovem que se apaixona por uma princesa e tem que disputá-la com Jafar, um vizir maldoso (interpretado por Conrad Veidt), e recebe a ajuda de um menino de rua interpretado por Sabu, ator-mirim indiano que fez muito sucesso na época. Muitas situações, personagens e cenas deste filme foram reaproveitados anos depois, como homenagem, no desenho Aladim, da Disney.

Foi um dos filmes que marcaram minha infância, porque o vi numerosas vezes (era reprisado nas matinais de domingo), e existem ecos dele no meu romance A Máquina Voadora (1994). Consta que foi um dos primeiros filmes em que foi usada a trucagem de tela verde, ou “chroma-key”, tendo ganho o Oscar de Melhores Efeitos Visuais naquele ano, além de Fotografia e de Direção de Arte.

Um gênio gigantesco saindo como uma nuvem negra de dentro de uma garrafa, em plena praia; um cavalo com asas, e depois um tapete voador, sobrevoando uma cidade; a batalha do herói com uma aranha gigante no centro da teia; autômatos que se movem, dançam, lutam; são só algumas das imagens marcantes do filme, que é talvez a melhor adaptação das Mil e Uma Noites já feita no cinema. Quando Tzvetan Todorov, em sua classificação do Fantástico, colocou num dos extremos de sua escala o gênero “maravilhoso”, referia-se a estes universos onde todos os prodígios, mesmo os que causam espanto, são considerados naturais, porque o mundo onde acontecem é um mundo feito de prodígios onde não vigora nenhum filtro materialista determinando o que pode ou não acontecer.




Um comentário:

Daniel disse...

Braulio, o que você acha dessa iniciativa ? Na verdade conheci o autor por uma de suas crônicas e depois fui ver que o Gaiman também o elogia bastante.

https://sites.google.com/site/thebooksofsand/the-man-who-talled-tales---r-a-lafferty

Tentei mesmo procurar ( até mesmo ebooks ) mas nada. Nunca foi publicado em Português?

parabéns pelo blog, o melhor da Internet!