sexta-feira, 14 de setembro de 2012

2976) "Trabalho Interno" (14.9.2012)






Em setembro de 2001, as Torres Gêmeas de Nova York foram derrubadas por aviões terroristas e o mundo inteiro ficou chocado. Dá para entender – morreram quase 3 mil pessoas, o prejuízo material foi enorme, e tudo isto foi obra de um atentado feito com enorme frieza e desprezo pela vida humana. 

Sete anos depois, um atentado de proporções muito maiores, inimagináveis, foi cometido. Em vítimas fatais deve ter feito um número equivalente; quanto ao prejuízo material, foi milhares de vezes maior.  No atentado das Torres, algumas centenas de empresas tiveram um forte abalo. No de 2008, bilhões de pessoas foram (e ainda estão sendo) sacrificadas.

O “atentado” de 2008 foi a queda de dominós provocada por especulações financeiras de Wall Street e arredores. A coisa explodiu em 2008, mas os “aviões” já vinham nessa direção há muito tempo.  Muita gente alertou, mas o enriquecimento brutal de alguns milhares de financistas e executivos funcionou como uma espécie de droga. Estava todo mundo bêbado de dinheiro, todo mundo cheirado de dinheiro.  Dinheiro é a mais viciante das drogas. Quando veio a rebordosa, milhões de norte-americanos perderam suas casas, seus empregos, suas economias da vida toda.  Se a gente juntar os suicídios, os enfartes, as mortes por causa da brusca penúria financeira de quem perdeu a poupança de toda a vida, dá mais vítimas do que a queda das Torres.

O filme Trabalho Interno (Inside Job, 2010) de Charles Ferguson é um documentário com entrevistas com os envolvidos (claro que nem todos aceitaram falar) e explicações simples de economia que até um leigo absoluto como eu entende por alto. O que aconteceu, basicamente, foi que o governo deixou aos poucos de regular as atividades financeiras e permitiu operações de alto risco,que enriqueciam os primeiros operadores e deixavam a conta para ser paga por quem viesse depois. É o famoso golpe da “pirâmide” (ou “Ponzi scheme” como se diz em inglês) que no Brasil se conhece tão bem.

O filme de Ferguson passa um pente fino na farra financeira, que aliás não terminou, pois o esquema (que não se limita aos EUA) foi criado no governo Reagan, fez seu carnaval nos governos Bush 1/ Clinton /Bush 2, e foi reconduzido ao poder por Barack Obama. Logo Obama?! Por que? Um entrevistado diz: “É um governo governado por Wall Street”. As finanças do mundo foram consertadas, às custas de alguns trilhões de dólares e das economias dos gregos, dos espanhóis, etc. e outros que vêm por aí. A economia globalizada é agora um avião cujas asas caíram e foram colocadas de volta com esparadrapo, fita crepe e Super-Bonder. O avião levantou voo de novo, e estamos todos dentro.


Um comentário:

Anônimo disse...

Junto com este filme recomendo:

Grande Demais para Quebrar

http://50anosdefilmes.com.br/2011/grande-demais-para-quebrar-too-big-to-fail/

Margin Call - O Dia Antes do Fim

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=170709&id_secao=11