segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
1627) Futebol e adrenalina (30.5.2008)
A noite de 4a.- feira foi o que os coleguinhas de imprensa esportiva chamam “um carrossel de emoções”. Um grande jogo pela Libertadores: Boca Juniors 2x2 Fluminense. Dois jogos nervosos pela Copa do Brasil: Corinthians 2x1 Botafogo (Corinthians classificado nos pênaltis) e Vasco 2x0 Sport (classificou-se o Leão da Ilha). Não vi o jogo do Morumbi. Assisti o do Sport porque em Recife sou rubronegro. E assisti (indo lá e cá) o do Fluminense porque apesar de não morrer de amores pelo meu vizinho de bairro é um time brasileiro contra um argentino, vou torcer por quem, então?
O Fluminense de Renato Gaúcho está fazendo história. Equipes melhores que esta não foram tão longe na Libertadores. Mas esta não é de se jogar fora. A defesa é lutadora e tecnicamente boa (o melhor é Luís Alberto, ex-Flamengo). O goleiro Fernando Henrique, como seu xará, é sempre um mistério, nunca se sabe o que pode aprontar. Desta vez, fez grandes defesas. O ataque não me convence muito, mesmo sendo Dodô um jogador habilidoso e mortal, e Washington um “tanque” que freqüentemente resolve. O time inteiro do Flu lutou muito. Talvez o Boca merecesse vencer, porque jogou mais e pressionou mais. Mas o Flu fez um gol perto do fim numa falha incrível do goleiro, e tem tudo na mão para ganhar do rival no Maracanã. Está no papo, viu, colegas? Igualzinho ao Flamengo. Podem relaxar.
Em São Januário o Sport, que tinha ganho o jogo do Recife por 2x0, entrou em campo embaixo de um foguetório aterrorizante armado pela torcida do Vasco, detonaram-se ali mais bombas do que no cerco de Stalingrado. Ainda assim, o time da Ilha jogou tranqüilo, tocou a bola, defendeu-se sem afobação, atacou sem medo. No segundo tempo, levou um gol de desatenção na zaga e o 1x0 inflamou o Vasco, que foi todo para cima. A expulsão de um vascaíno por uma falta boba devolveu o comando do jogo ao Sport, que perdeu várias chances de decidir logo o jogo.
Aí pousam em São Januário os deuses do futebol. Aos 46 minutos o juvenil Pablo acerta um chute lá da Feira de São Cristóvão e o goleiro do Sport larga a bola nos pés de Edmundo, que estufa as redes: 2x0. A gente sentia a câmara do Sportv balançando com o delírio da torcida vascaína, e a vibração de Edmundo, saltando por sobre as placas de propaganda e brandindo os punhos cerrados, era de arrepiar, de comover.
Vamos aos pênaltis, então. Falei que os deuses do futebol tinham descido ao estádio? Desta vez, amigos, o deus que veio dar expediente foi Loki, o zé-pelintra da mitologia escandinava, o “trickster”, o duende infantil e cruel para quem a tragédia humana é a mais divertida das comédias. Com a mão direita ele dera a Edmundo a glória do gol de empate, e com a esquerda fez o Animal chutar o pênalti lá na Feira de São Cristóvão. Os jogadores do Sport não erraram nenhum, e fizeram a festa. E Edmundo voltou a ser um Herói: um personagem que vai, num segundo, do píncaro ao abismo.
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