sexta-feira, 6 de novembro de 2009

1354) Brasil 3x0 Argentina (17.7.2007)



A Argentina engoliu a isca da superioridade, do favoritismo. Foi pra cima, e o Brasil fez três gols de contra-ataque. Uma grande injustiça, se levarmos em conta o futebol medíocre do Brasil nos cinco jogos anteriores e o bom futebol que os “hermanos” vinham jogando (não vi nenhum dos jogos, mas acredito no que a imprensa falou; e vi o gol de Messi na seleção mexicana, o mais bonito da Copa América). Mesmo goleando duas vezes um Chile incompetente e irreconhecível, o Brasil não jogou nada. O problema é que no jogo decisivo as coisas se inverteram. A Argentina parecia confusa, desorientada. O Brasil, quase sem nenhum talento, ganhou na marcação, na força e na raça.

Confesso que fiz parte de uma discreta corrente-pra-frente que estava se formando informalmente aqui no Rio, torcendo para que a Argentina vencesse. Explico logo, antes que me fuzilem no Forte de Copacabana. É que o futebol tem idas e vindas, altos e baixos, enchentes e vazantes. O Brasil vem sentando a ripa na Argentina sem parar: ganhou a Copa América de 2004, ganhou com goleada a Copa das Confederações, meteu-lhes 3x0 num amistoso recente em Wembley... Cedo ou tarde terá que perder, a maré vai ter que virar. “Então,” pensamos por aqui, “que seja agora, quando eles estão com força total, o mesmo time que disputou a Copa do Mundo, e nós estamos aqui com um time B onde somente Robinho seria titular numa Seleção que eu escalasse”. Tudo indicava que domingo seria a vez deles. Já estávamos conformados. E aí...

Não gosto de torcer contra a Seleção, mas quando é preciso eu torço. Torci contra o Brasil, por exemplo, na Copa de 74. Torci contra aquele futebol botinudo e horroroso do nosso time, e a favor do belo futebol dos holandeses de Cruyff. Voltei a torcer contra em 78, na Argentina: contra uma Seleção mal convocada, mal escalada, e que em matéria de talento só tinha praticamente Zico e Reinaldo. Em 90 eu não me dava mais ao trabalho de torcer contra, mas quando apanhou (da Argentina) eu disse: “Bem feito”.

Portanto, não morro de amores pela “Seleção dos Sete Anões” de Dunga. Craques só tem dois: Robinho e Juan. O resto é uma porção de jogadores de nomes duplos que não consigo decorar. Naquela disputa de pênaltis contra o Uruguai apareceram um tal de Afonso e um tal de Fernando que nunca vi mais gordos. Contra a Argentina o time comportou-se bem. Marcou em cima, roubou centenas de bolas, contra-atacou com lucidez, fechou-se atrás quando foi preciso; nada contra. Parabéns para Julio Batista, Daniel Alves, Wagner Love, Doni, e outros rapazes esforçados aproveitando seus 15 jogos de fama. Mas não venham me dizer que quem ganhou essa Copa América foi a Seleção Brasileira.

Quem tem com que me pague não me deve nada, por isso toda surra que aplicarmos nos nossos amigos portenhos se auto-justifica. Nós podemos não saber por que estamos ganhando, mas eles com certeza sabem por que estão perdendo.

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