& o choro é
livre – e a gargalhada também
& uma multidão
com texto e com ensaio seria capaz de muita coisa
& a força da
gravidade é uma mistura de ação presencial e wi-fi
& o espelho:
tem sempre esse fantasma pronto, à minha espera
& podem fazer o
que quiserem com meu boneco de cera; não ficou parecido
& você só sabe
a honestidade de alguém se lhe fizer uma proposta irrecusável
& uma foto
preserva um segundo do passado e afunda o resto nas trevas do esquecimento
& tem gente
que sempre repete as frases que diz, como se quisesse deixá-las em negrito
& entre outras
variantes clássicas, tem se projetado ultimamente o conceito de “a boçalidade
do Mal”
& nada como o
silêncio luminoso das noites do sertão
& tem gente
que lava o rosto e joga a água fora sem nem agradecer a ela
& classificar
as coisas assim é como dizer que os biscoitos se dividem em redondos e
quadrados – e só
& certos
filmes antigos têm o encanto dos navios naufragados, das catedrais em ruínas
& o bom
enxadrista é o que consegue usar as peças do adversário para fazer sua jogada
& nos
fuzilamentos vendam-se os olhos dos prisioneiros para proteção dos executores
& a paz não
pode destruir a guerra, mas pode diluí-la
& certos
textos parecem radioativos, basta ler aquilo e o pensamento fica envenenado
& o bom
cineasta filma um pavão em preto-e-branco e ninguém percebe esse detalhe
& o futebol
hoje é assim: “Autoriza o árbitro!” – e “Desautoriza o juiz do VAR...”
& onde subiu
prédio sofreu pedreiro
& o Tempo não
é algo que se desloca; ele vibra, ele estremece
& liberdade
hoje em dia é feito um colírio que a gente leva no bolso e pinga umas gotas
quando sente falta
& uma pedra no
meio do caminho incomoda menos do que uma pedra no sapato
& a elevação
dos oceanos talvez liberte, talvez sufoque a população dos aquários
& a pena é
mais poderosa do que a espada, porque pode desenhar uma balança em que ela tem
mais peso
& todo jatinho
de empresários é um Cavalo de Tróia
& em vez de
proibir alguma coisa, deviam ridicularizar; seria mais eficaz
& ensinar não
é iluminar, é acender
& um Deus não
é onipresente se o seu castigo vai mais longe que o seu perdão
& ser honesto
não é uma fraqueza, embora muitos só sejam honestos porque lhes falta a força
de não sê-lo
& ela tinha a
nobreza das pessoas feias que só podem contar consigo mesmas
& um homem vai
ser fuzilado mas pede para esperarem o nascer da lua cheia
& não, o
Romance não está morto, apenas num estado agudo de catalepsia mental
& todo mundo
tem um olho que enxerga melhor do que o outro
Um comentário:
CLAP, CLAP, CLAP!
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