quinta-feira, 11 de março de 2010
1776) O escritor Barack Obama (18.11.2008)
O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, virou de uma hora para outra uma espécie de Papai Noel ao contrário. É magro, mulato e de terno preto, mas mesmo assim parece desembarcar no mundo, neste fim-de-ano, trazendo um gigantesco saco de presentes que ainda não imaginamos o que sejam, mas já nos levam a comemorar alguma coisa. Obama pode se revelar um presidente decepcionante, como já ocorreu com tantos, mas a aura que cerca sua candidatura é a do carisma. Para ficar apenas no exemplo dos EUA, não me lembro de nenhum candidato democrata recente que tenha carregado tamanha aura consigo. Os derrotados John Kerry, Michael Dukakis, Al Gore, e mesmo o vitorioso Bill Clinton, nenhum deles parecia ter esse brilho de predestinação e sonho-realizado que Obama projeta.
Além de tudo, Obama é escritor! O ex-vice Al Gore foi provavelmente o primeiro Presidente dos EUA (cargo que exerceu interinamente de vez em quando, na era Clinton) que já ganhou um Oscar e um Prêmio Nobel (da Paz). Pois Obama é com certeza o primeiro que já ganhou um Grammy – pela versão em áudio-book de seu livro de memórias Dreams of my Father. Este livro (já traduzido como “A Origem dos meus Sonhos”, Editora Gente) é interessante porque é anterior à entrada de Obama na política. Ele o escreveu quando era um advogado de Chicago que trabalhava com populações carentes, e lhe pediram um relato autobiográfico. O livro, ao que parece, se concentra na sua infância no Havaí, e na história pessoal de seu pai, o qual se separou de sua mãe quando Barack tinha cerca de 2 anos, e voltou para o Quênia. O livro reconstitui esta história familiar, e foi motivado em parte pelo reencontro dos dois quando Barack tinha dez anos de idade, além de uma visita posterior que fez ao Quênia para conhecer sua família paterna.
Sobre seus hábitos como escritor, o presidente diz; “Eu sou uma ave noturna, e escrevo geralmente depois do meu dia de trabalho no Senado, quando a família já foi dormir. Ou seja, das 9:30 da noite até uma da madrugada. Primeiro preparo uma escaleta, uma relação de temas a serem abordados, ou de histórias que quero contar, e escrevo tudo à mão, num bloco de folhas amarelas. Depois, passo a limpo no computador, editando e corrigindo o texto enquanto digito”.
Obama cita entre seus livros preferidos Moby Dick de Melville, e obras de autores contemporâneos como Toni Morrison, E. L.Doctorow e Philip Roth. Outros títulos que ele elogia (e que desconheço) são Gilead de Marilynne Robinson e Team of Rivals de Doris Kearns Goodwin (sobre Abraham Lincoln). Seus filmes favoritos são Casablanca e Um estranho no ninho. Além disso, Obama confessa “ter uma queda” pelos romances de espionagem de John Le Carré, coleciona gibis do Homem Aranha e de Conan, O Bárbaro, e leu com suas filhas toda a série de livros de Harry Potter. Nem precisava o resto; bastaria este último item para fazê-lo dar uma goleada intelectual em George W. Bush.
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