quinta-feira, 8 de julho de 2010

2247) Minha vida é a minha cara (21.5.2010)



O Canal Futura, da TV a cabo, começa a exibir esta semana um projeto a que eu tenho me dedicado há mais de um ano, com resultados imprevisíveis, porque às vezes a televisão é como a literatura, a gente só vem a saber o que os outros acharam depois que a obra está pronta e não dá mais para mexer. (Como se sabe, isto é a exceção – toda a TV de hoje é baseada no conceito de interatividade, de feedback, de pesquisar o público para ver o que está agradando e fazer correções de percurso o tempo inteiro).

O programa Minha Vida é a Minha Cara surgiu de uma idéia que apresentei para o Canal Futura e que, aprovada, foi entregue à Luni Produções, de Recife (comandada por Lula Queiroga, meu parceiro em numerosos trabalhos). Qual é a idéia? Um programa de entrevistas em que dois grupos de entrevistados explicam dois estilos de vida completamente opostos, e cada um argumenta a favor do seu. A idéia não é botar os dois para discutirem entre si, mas fazer com que cada um possa “vender seu peixe” e dizer: “Eu sou assim, minha vida é assim, e eu me sinto super bem, não vejo razão para mudar”.

O programa estreou em dezembro passado no canal Fashion TV, mas como este é um canal recente, que não está incluído nos pacotes básicos das operadoras, pode-se considerar que a estréia para o grande público foi 4a.feira passada, às 21:30, com o programa “Visto preto x Visto branco”. De um lado, góticos e punks de São Paulo, que só vestem preto; do outro, sambistas como Billy Blanco e forrozeiros como Alcymar Monteiro, que só usam o branco. Todos muitos satisfeitos e confortáveis com sua maneira de ser.

O programa foi dirigido por Marcelo Pinheiro e Alexandre Alencar, com direção geral de Lula Queiroga, e tem como apresentadores o cantor Otto e a atriz Hermila Guedes. Vai ao ar no Canal Futura todas as 4as.feiras às 21:30 horas, e será reprisado nos seguintes horários: quinta às 14:00, sexta às 00:00, sábados às 22:00 e domingos às 13:00. Cada semana, portanto, há cinco chances de assisti-lo.

Serão 52 programas, cada um deles com 25 minutos, um por semana, e os temas são variados. Podem ser sobre o trabalho, como “Eu trabalho em casa x Eu alugo espaço para trabalhar”, ou então “Trabalho de madrugada x Madrugo para trabalhar”. Podem ser sobre características físicas, como “Gente grande x Gente miúda”. Podem ser sobre hábitos alimentares, como “Carnívoros x Vegetarianos”, ou sobre ideologia, como “Eu sou místico x Eu sou cético”. Pode ser sobre o jeito de morar: “Moro no morro x Moro na cobertura”, ou “Moro numa grande avenida x Moro num vilarejo”. Os assuntos são variados, e os entrevistados são principalmente do Nordeste, Rio, São Paulo e Minas Gerais. Gente famosa, gente anônima, gente rica, gente humilde, de todas as idades e de todos os jeitos. Para nós, que fizemos entre 300 e 400 entrevistas ao longo de um ano, é um curioso retrato do Brasil através dos brasileiros.

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