Reza a lenda que numa noite de 1966 Bob Dylan vinha pilotando sua moto por entre as colinas de Woodstock, onde tinha sua casa de campo. Um pouco atrás dele vinha sua mulher, Sara, ao volante de um dos automóveis do casal. A estrada estava molhada de chuva, a moto derrapou, e Dylan foi projetado de encontro ao tronco de uma árvore. Sara freou, trouxe o carro para o acostamento, e correu para socorrê-lo. Ao abaixar-se sobre seu corpo, percebeu, pelo ângulo, que ele tinha quebrado o pescoço, e não mais respirava. O maior gênio da música folk e do rock-and-roll norte-americano dos anos 1960 estava morto.
Ou melhor – não é bem assim. O que muita gente não sabe é que na fração de segundo em que seu corpo se chocou com a árvore, Dylan viu-se transportado para um local estranho, muito parecido com os bares enfumaçados do Village que poucos anos atrás eram o único espaço onde lhe permitiam cantar com sua voz roufenha as canções folclóricas que ele, hereticamente, escrevia por conta própria. O bar estava vazio, cadeiras empilhadas sobre as mesas, mas sentado num banquinho no palco estava um homem com colete preto bordado a ouro, chapéu de cowboy, um rosto enrugado, e um bigodinho fino que lembrava o do ator Vincent Price. “Estou morto?” perguntou Dylan. “Por enquanto não”, disse o desconhecido. “Você está num ponto de divergência, onde tem a chance de escolher seu futuro. Como gostaria de estar, digamos, aos 65 anos?” “On the road,” disse ele sem pestanejar. “Cantando toda noite, para pequenas platéias, sem nunca repetir o mesmo show”. O desconhecido sorriu: “Concedido”. No bosque de Woodstock, o cantor mexeu-se, resmungou algo indistinto, e sua esposa deu um suspiro de alívio.
Hoje, dia em que completa 65 anos, Dylan está com a vida que pediu a Deus. Acompanhado há anos pelos mesmos músicos, ele realiza o que a imprensa batizou “The Never Ending Tour”, a Turnê Sem Fim. Viaja de ônibus, de cidade em cidade, e canta às vezes em cinco cidades diferentes numa semana. Agora em maio ele deu uma parada, mas em junho vai à Europa. Dia 24 em Kilkenny, dia 25 em Cork, dia 27 em Cardiff, dia 28 em Bournemouth, dia 30 em Roskilde, dia 2 de julho em Gelsenkirchen, dia 3 em Lille, dia 4 em Clermont, dia 6 em Cap Roig, dia 7 em Valência, dia 8 em Madrid, dia 9 em Valladolid... Se quiser ver a agenda completa, vá no saite Expecting Rain (http://www.expectingrain.com/), onde me mantenho informado.
Aos 65 anos, Dylan nunca repete o mesmo show. Os músicos sabem seu repertório de cor, de modo que se meia hora antes de subir ao palco ele avisar que vai cantar antiguidades como “Chimes of Freedom” ou “Love Minus Zero (No Limit)”, o pessoal acompanha sem precisar de ensaio. Quanto aos grandes sucessos como “Mr. Tambourine Man”, “All along the watchtower” ou “Just Like a Woman”, ele tem o costume de mudar o tom em cima da hora, para evitar que a banda ligue o piloto automático. Happy birthday, Mr. Bob.
Ou melhor – não é bem assim. O que muita gente não sabe é que na fração de segundo em que seu corpo se chocou com a árvore, Dylan viu-se transportado para um local estranho, muito parecido com os bares enfumaçados do Village que poucos anos atrás eram o único espaço onde lhe permitiam cantar com sua voz roufenha as canções folclóricas que ele, hereticamente, escrevia por conta própria. O bar estava vazio, cadeiras empilhadas sobre as mesas, mas sentado num banquinho no palco estava um homem com colete preto bordado a ouro, chapéu de cowboy, um rosto enrugado, e um bigodinho fino que lembrava o do ator Vincent Price. “Estou morto?” perguntou Dylan. “Por enquanto não”, disse o desconhecido. “Você está num ponto de divergência, onde tem a chance de escolher seu futuro. Como gostaria de estar, digamos, aos 65 anos?” “On the road,” disse ele sem pestanejar. “Cantando toda noite, para pequenas platéias, sem nunca repetir o mesmo show”. O desconhecido sorriu: “Concedido”. No bosque de Woodstock, o cantor mexeu-se, resmungou algo indistinto, e sua esposa deu um suspiro de alívio.
Hoje, dia em que completa 65 anos, Dylan está com a vida que pediu a Deus. Acompanhado há anos pelos mesmos músicos, ele realiza o que a imprensa batizou “The Never Ending Tour”, a Turnê Sem Fim. Viaja de ônibus, de cidade em cidade, e canta às vezes em cinco cidades diferentes numa semana. Agora em maio ele deu uma parada, mas em junho vai à Europa. Dia 24 em Kilkenny, dia 25 em Cork, dia 27 em Cardiff, dia 28 em Bournemouth, dia 30 em Roskilde, dia 2 de julho em Gelsenkirchen, dia 3 em Lille, dia 4 em Clermont, dia 6 em Cap Roig, dia 7 em Valência, dia 8 em Madrid, dia 9 em Valladolid... Se quiser ver a agenda completa, vá no saite Expecting Rain (http://www.expectingrain.com/), onde me mantenho informado.
Aos 65 anos, Dylan nunca repete o mesmo show. Os músicos sabem seu repertório de cor, de modo que se meia hora antes de subir ao palco ele avisar que vai cantar antiguidades como “Chimes of Freedom” ou “Love Minus Zero (No Limit)”, o pessoal acompanha sem precisar de ensaio. Quanto aos grandes sucessos como “Mr. Tambourine Man”, “All along the watchtower” ou “Just Like a Woman”, ele tem o costume de mudar o tom em cima da hora, para evitar que a banda ligue o piloto automático. Happy birthday, Mr. Bob.