Há um livro, se não me engano de Neil Gaiman, em que o mundo está passando por um aumento da entropia. Entropia é a medida da desorganização do Universo, em que há uma dissipação da energia e todas as coisas vão ficando mais caóticas e indiferenciadas. Quando a gente deixa uma xícara de café em cima da mesa, ela se degrada, esfria sozinha, perde energia. No mundo descrito por Gaiman, as fitas cassete com música gravada (clássica, popular, etc.) se guardadas por mais de duas semanas sem ninguém mexer nelas, se degradam – transformam-se todas em The Best of Queen.
O que me lembra um clássico da FC: Ubik de Philip K.
Dick. No universo em que vive o
protagonista, acontece algo semelhante. O universo está involuindo, está
sofrendo um aumento de entropia que faz as coisas se tornarem progressivamente
mais antigas, mais atrasadas. A história se passa no futuro mas à medida que a
entropia aumenta o personagem anda na rua e as pessoas começam a aparecer com
roupas dos anos 1940, os carros viram carros daquela época, e assim por diante.
Quando ele toma o remédio chamado “Ubik”, uma espécie de tônico miraculoso, aí
tudo bem: carros, roupa, arquitetura, anúncios nas ruas, tudo volta a pertencer
à época em que a história acontece.
Posso estar sendo pessimista, mas acho que estamos
passando por um período ubikiano no futebol.
Esta Copa mostrou grandes times campeões do mundo jogando um futebol
muitíssimo abaixo do que praticavam pouco tempo atrás, inclusive o Brasil. Há uma diferença ubikiana entre nossa Seleção
da Copa das Confederações e a da Copa do Mundo. O que dizer da fortíssima
Espanha, campeã mundial em 2010, que chegou no Brasil e virou saco de pancadas,
como se fosse uma espécie de Íbis? Os
grandes craques como Cristiano Ronaldo, Messi, Iniesta, etc., todos estavam
atuando na Copa como versões bizarras de si mesmos. E não me venham falar dos poucos
times ou poucos craques que jogaram bem. São a exceção que confirma a regra.
(Se eu fosse rico destinaria alguns milhões de dólares ao sujeito que inventou
essa frase, um 171 filosófico que permite à gente afirmar qualquer coisa e
escapar impune.)
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