& é difícil manter a elegância e ao mesmo tempo evitar um naufrágio & precisamos de robôs capazes de fazer palavras cruzadas enquanto esperam nossas ordens & quando falta luz no prédio a gente regride 200 anos em cinco minutos & quando a gente, em vez de ficar esperando, vai fazer outra coisa, a água ferve muito mais depressa & um labirinto de corredores de caverna onde ecoa ainda a voz de um xamã morto há cem anos & sonhei que uma voz me sussurrava: “só conta pra velhice o tempo em que você não estiver pensando” & a Beleza é um disfarce sutil da Verdade & esse problema não é nada que um pedido de desculpas público, daqui a trinta anos, não possa amenizar & você começa bebendo porque não se sente bem; depois, bebe para se sentir bem; depois, pra não se sentir mal & um folhetim gótico intitulado “A Legenda do Monastério” & um filme onde a câmera evitasse os atores e mostrasse apenas as suas sombras & não basta o cara ter que ser um tamanduá, precisa também comer formiga todo dia & a política é um esporte em que um dos times joga todos os jogos em casa & tem gente que procura equilibrar a vida ingerindo quantidades cavalares de açúcar e de sal & ser escritor de FC lendo apenas FC é como um exército ir para a guerra levando o dobro da munição e nenhuma comida & malandra é a chuva, que cai mas não se quebra & às vezes é até bom um terremoto para zerar um impasse legislativo & o Brasil vai acabar com a senzala e não consegue se livrar da casa grande & um presidente está para o governo assim como o sinalizador de aeroporto está para os aviões & quem propôs o nome “ornitorrinco” estava apenas tentando reagir à altura do que via & eu queria um teclado que me permitisse escrever dormindo & acordo todos os dias ao som de clarins que não sei se são de guerra ou de café na mesa & certos livros de FC parecem um foguete interplanetário fazendo a circular do bairro & o clichê é tão necessário a alguns animais quanto a respiração & o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, mas a definição de corrupção é relativa & nada mais parecido do que café frio e cerveja morna & sempre compareci aos meus desencontros comigo mesmo & pior do que o medo da tortura é o medo do ridículo, e pior do que a morte é a risada alheia & temos mais pena de um cão doente do que de um mendigo porque o mendigo disputa espaço conosco & eu só direi que o país vai mal quando os mortos forem deixados apodrecendo nas calçadas & depois de conversar com ela por meia hora percebi que o que eu estava fitando não eram os olhos, eram os seios mesmo &
Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
3554) Contracapa de tablet (18.7.2014)
& é difícil manter a elegância e ao mesmo tempo evitar um naufrágio & precisamos de robôs capazes de fazer palavras cruzadas enquanto esperam nossas ordens & quando falta luz no prédio a gente regride 200 anos em cinco minutos & quando a gente, em vez de ficar esperando, vai fazer outra coisa, a água ferve muito mais depressa & um labirinto de corredores de caverna onde ecoa ainda a voz de um xamã morto há cem anos & sonhei que uma voz me sussurrava: “só conta pra velhice o tempo em que você não estiver pensando” & a Beleza é um disfarce sutil da Verdade & esse problema não é nada que um pedido de desculpas público, daqui a trinta anos, não possa amenizar & você começa bebendo porque não se sente bem; depois, bebe para se sentir bem; depois, pra não se sentir mal & um folhetim gótico intitulado “A Legenda do Monastério” & um filme onde a câmera evitasse os atores e mostrasse apenas as suas sombras & não basta o cara ter que ser um tamanduá, precisa também comer formiga todo dia & a política é um esporte em que um dos times joga todos os jogos em casa & tem gente que procura equilibrar a vida ingerindo quantidades cavalares de açúcar e de sal & ser escritor de FC lendo apenas FC é como um exército ir para a guerra levando o dobro da munição e nenhuma comida & malandra é a chuva, que cai mas não se quebra & às vezes é até bom um terremoto para zerar um impasse legislativo & o Brasil vai acabar com a senzala e não consegue se livrar da casa grande & um presidente está para o governo assim como o sinalizador de aeroporto está para os aviões & quem propôs o nome “ornitorrinco” estava apenas tentando reagir à altura do que via & eu queria um teclado que me permitisse escrever dormindo & acordo todos os dias ao som de clarins que não sei se são de guerra ou de café na mesa & certos livros de FC parecem um foguete interplanetário fazendo a circular do bairro & o clichê é tão necessário a alguns animais quanto a respiração & o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, mas a definição de corrupção é relativa & nada mais parecido do que café frio e cerveja morna & sempre compareci aos meus desencontros comigo mesmo & pior do que o medo da tortura é o medo do ridículo, e pior do que a morte é a risada alheia & temos mais pena de um cão doente do que de um mendigo porque o mendigo disputa espaço conosco & eu só direi que o país vai mal quando os mortos forem deixados apodrecendo nas calçadas & depois de conversar com ela por meia hora percebi que o que eu estava fitando não eram os olhos, eram os seios mesmo &
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