Duas
coisas que correram estes dias nas redes sociais me chamaram a atenção.
Uma
delas dizia respeito a um divertido post (cuja leitura aconselho) no blog
“Recordar, repetir e elaborar” de Camila Pavanelli (em: http://bit.ly/1amO2EZ). O título já diz tudo:
“Gente de humanas que faz um monte de coisa que não dá dinheiro”, onde ela
relaciona e comenta algumas dezenas ou centenas de atividades que não dão
dinheiro (eu próprio me enquadro numas 35).
O outro foi um comentário de Fábio
Cabral, da loja Passadisco (Recife), sobre um rapaz que lhe anunciou que ia
montar uma banda e gravar um disco em 2015.
O
cara que em 2013 já determina que vai gravar um disco em 2015 (por mais que
gravar discos tenha se tornado fácil ultimamente) é claramente um futuro
artista profissional, ou pelo menos tem a intenção de sê-lo. Está com um
cronograma de compromissos. (O primeiro deve ser: “Compor doze músicas”). Será
que está botando o carro adiante dos bois? Se ele tiver talento, até que não.
Sei de muita gente que preparou cronogramas assim e depois sentou e produziu
obras de alta qualidade.
Acontece
que isso não é o comportamento típico da “gente de humanas” citado no post de
Camila. “Gente de humanas”(leia-se: que estudou Ciências Humanas, em vez de
Ciências Exatas ou Ciências Médicas) já é uma expressão irônica com que o
pessoal designa a minha tribo, o pessoal que estudou artes, comunicação,
ciências sociais, letras, filosofia, etc.
Eita pessoalzinho desprovido de
magnetismo financeiro. Se colocarem a gente a meio metro de distância de uma
moeda de 1 real, a moeda não se move um milímetro. Por outro lado, existem
profissões em que o dinheiro literalmente corre atrás do sujeito.
Gente-de-humanas
pensará primeiro nos aspectos humanos das coisas que lhe passam pela cabeça, e
só muito depois irá avaliar se aquilo dá dinheiro ou não. Para o artista “de
humanas”, o dinheiro é consequência.
Para certos artistas profissionais, o
dinheiro é o objetivo, e a arte é uma mera obrigação tediosa. (E eu sou um profissional, portanto a
crítica que faço não é ao profissionalismo em si, mas à mentalidade que coloca
o profissionalismo acima de tudo. Torna-se muitíssimo mais fácil manipular ou
subornar um artista “profissional” do que um artista “de humanas”).
Eu já tentei me colocar prazos, mas nunca consigo cumpri-los, principalmente na minha literatura, quando começo a escrever e desenvolver meus livros percebo que tenho que estudar mais hahaha. mas devo continuar.
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