quarta-feira, 10 de julho de 2013

3234) A Vida e os Tempos de Oklahoma James (10.7.2013)




Cap. 1 – De como ele estreou na Antropologia (e ganhou seu nome de guerra) aos oito anos, ao encontrar no quintal da casa dos pais um pedaço de osso que ele por algum motivo obscuro levou ao Museu local, e não à polícia, como 99% das pessoas fariam.

Cap. 2 – De como a exumação de preciosidades virou idéia fixa do jovem, durante sua graduação no Crato, seu mestrado na USP, seu doutorado na Sorbonne e sua residência nos trópicos.

Cap. 3 – De como suas boas notas e melhores recomendações acadêmicas ajudaram a aprovar-lhe uma verba para um safari; e das providências de ordem prática que tomou. 

Cap. 4 – De como um mês depois ele percorria desertos inacessíveis, a meio caminho entre o país onde Judas perdeu as botas e o lugar onde o vento faz a curva. 

Cap. 5 – De como conduzia consigo abundante ferramental científico e etnográfico, levado por cinco buanas com caixas na cabeça, andando ritmadamente, dizendo uga-uga.

Cap. 6 – De como um dia eles cruzaram o leito seco e fundo de um rio e se depararam com uma paisagem nunca antes vista por um homem ocidental.

Cap. 7 – De como, ao penetrar nas ruínas ainda habitadas dessa civilização desconhecida, fotografaram os aborígines, recolheram manuscritos, encaixotaram relíquias, com Oklahoma James dando ordens e os buanas obedecendo e dizendo uga-uga.

Cap. 8 – De como estavam todos tão excitados com a descoberta que erraram o caminho de volta e, marchando na direção errada, foram dar num deserto pra lá de inóspito.

Cap. 9 – De como Oklahoma James, de tanto dar ordens aos buanas, se cansou daquela resposta de uga-uga e ordenou que daí em diante a língua deles fosse balaco-baco.

Cap. 10 – De como chegaram num vale fértil e verdejante, sendo que nele uma lagoa, e nela uma ilha, e nessa ilha uma revoada de mulheres de pele branca e macia, trajando véus de musselina, riso brejeiro e nada mais.

Cap. 11 – De como três séculos depois, mercê de um inverno tão rigoroso que congelou a lagoa, Oklahoma e seus buanas conseguiram fugir daquele malsinado recanto, roubando canoas e pondo-se rio abaixo numa alucinada fuga.

Cap. 12 – De como após várias peripécias desembocaram num porto fluvial onde Oklahoma tinha amigos, com os quais combinou um leilão imediato do material arqueológico.

Cap. 13 – De como os fregueses locais compraram tudo, e só lhe bastou recolher a grana e chamar os buanas, balaco-baco, balaco-baco.

Cap. 14 – De como o trazimento das relíquias de pouco serviu, mas que o fato de terem largado entre os aborígines, para esvaziar os caixotes, todo seu ferramental científico e etnográfico, criou no milênio seguinte quatro civilizações e dois povos nômades.


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