Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 18 de julho de 2010
2283) Brasil x Holanda (2.7.2010)
(foto: Christopher Lee)
Ornejam as vuvuzelas, lá vem rugindo a Holanda! Toda vez que esse time cor-de-laranja surge à nossa frente eu me sinto tremer na base. Não propriamente de medo, mas de expectativa. Confesso de público que em duas Copas já torci contra a Seleção Brasileira e a favor da holandesa. Nas copas de 1974 e 1978, a Holanda era para mim o melhor time do mundo, e o Brasil de Zagalo (74) e Cláudio Coutinho (78) era uma Seleção ainda mais retrancada e temerosa do que a de Dunga. Não tinha como torcer. Aqui e acolá um craque, mas, no geral, quem me enchia os olhos eram os holandeses. Ainda hoje acho que o futebol deve uma Copa do Mundo aos conterrâneos de Van Gogh.
O problema é que a Holanda só será campeã passando por cima do nosso cadáver, e aí é pedir demais. Time por time, o time que eles têm hoje é nivelado ao de Dunga, e, se é pra trocar seis por meia-dúzia, prefiro que ganhe o Brasil. A Holanda tem alguns jogadores muito hábeis, talentosos. Gosto do jogo de Robben, Sneider (da Inter de Milão), o atacante Van Persie (que ainda não jogou bem na Copa), Van Bronckhorst e Von Bommel (ambos ex-Barcelona). O time ainda não jogou uma grande partida nesta Copa, mas o Brasil também não. É um jogo equilibrado entre duas equipes imperfeitas, por isso mesmo é um jogo imprevisível. Tanto pode dar um empate com prorrogação em pênaltis (como deu em 1998, e ganhamos com duas defesas de Taffarel) como pode um dos dois ter meia hora de brilhantismo a certa altura, descontrolar o adversário e liquidar o jogo.
O Brasil teve dois bons jogos (Costa do Marfim e Chile) e dois jogos totalmente medíocres (Coréia e Portugal). Imprevisível, portanto. Pode vir comendo pelas beiras e acabar campeã, como aconteceu com a Seleção de Filipão em 2002. Naquele ano, eu não botava a menor fé, e só acreditei que podíamos ganhar a Copa quando vencemos a temível Inglaterra de Beckham, de virada, por 2x1 (num tempo em que Lúcio ainda entregava gols de graça ao adversário). Daquele jogo em diante, a Seleção se encontrou.
Se o Brasil não for campeão, o campeão será provavelmente o vencedor do jogo Argentina x Alemanha. A Argentina está vivendo um momento surrealista. Colocou à frente um caudilho eufórico (Maradona), um craque (Messi) e está jogando na base do entusiasmo, da “camaraderia” e da volúpia de gol. Dá gosto e dá medo. O que aconteceria com um time assim se alguém botasse 2 gols de frente? Uma virada heróica ou o descontrole absoluto? Eu pago pra ver. Quem está me surpreendendo é a Alemanha, time com o qual nunca simpatizei. Acho-os truculentos e deselegantes, mas tiro o chapéu para o que vêm fazendo. Os dois gols de contra-ataque no 2o. tempo contra a Inglaterra foram duas obras-primas, coisa para entrar no currículo áudio-visual de qualquer escolinha de futebol. O time é cintura-dura (isso é genético, não tem como mudar), mas é veloz, inteligente e tem também a volúpia do gol. Se ganhar a Copa assim, merece.
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