domingo, 18 de julho de 2010

2283) Brasil x Holanda (2.7.2010)



(foto: Christopher Lee)

Ornejam as vuvuzelas, lá vem rugindo a Holanda! Toda vez que esse time cor-de-laranja surge à nossa frente eu me sinto tremer na base. Não propriamente de medo, mas de expectativa. Confesso de público que em duas Copas já torci contra a Seleção Brasileira e a favor da holandesa. Nas copas de 1974 e 1978, a Holanda era para mim o melhor time do mundo, e o Brasil de Zagalo (74) e Cláudio Coutinho (78) era uma Seleção ainda mais retrancada e temerosa do que a de Dunga. Não tinha como torcer. Aqui e acolá um craque, mas, no geral, quem me enchia os olhos eram os holandeses. Ainda hoje acho que o futebol deve uma Copa do Mundo aos conterrâneos de Van Gogh.

O problema é que a Holanda só será campeã passando por cima do nosso cadáver, e aí é pedir demais. Time por time, o time que eles têm hoje é nivelado ao de Dunga, e, se é pra trocar seis por meia-dúzia, prefiro que ganhe o Brasil. A Holanda tem alguns jogadores muito hábeis, talentosos. Gosto do jogo de Robben, Sneider (da Inter de Milão), o atacante Van Persie (que ainda não jogou bem na Copa), Van Bronckhorst e Von Bommel (ambos ex-Barcelona). O time ainda não jogou uma grande partida nesta Copa, mas o Brasil também não. É um jogo equilibrado entre duas equipes imperfeitas, por isso mesmo é um jogo imprevisível. Tanto pode dar um empate com prorrogação em pênaltis (como deu em 1998, e ganhamos com duas defesas de Taffarel) como pode um dos dois ter meia hora de brilhantismo a certa altura, descontrolar o adversário e liquidar o jogo.

O Brasil teve dois bons jogos (Costa do Marfim e Chile) e dois jogos totalmente medíocres (Coréia e Portugal). Imprevisível, portanto. Pode vir comendo pelas beiras e acabar campeã, como aconteceu com a Seleção de Filipão em 2002. Naquele ano, eu não botava a menor fé, e só acreditei que podíamos ganhar a Copa quando vencemos a temível Inglaterra de Beckham, de virada, por 2x1 (num tempo em que Lúcio ainda entregava gols de graça ao adversário). Daquele jogo em diante, a Seleção se encontrou.

Se o Brasil não for campeão, o campeão será provavelmente o vencedor do jogo Argentina x Alemanha. A Argentina está vivendo um momento surrealista. Colocou à frente um caudilho eufórico (Maradona), um craque (Messi) e está jogando na base do entusiasmo, da “camaraderia” e da volúpia de gol. Dá gosto e dá medo. O que aconteceria com um time assim se alguém botasse 2 gols de frente? Uma virada heróica ou o descontrole absoluto? Eu pago pra ver. Quem está me surpreendendo é a Alemanha, time com o qual nunca simpatizei. Acho-os truculentos e deselegantes, mas tiro o chapéu para o que vêm fazendo. Os dois gols de contra-ataque no 2o. tempo contra a Inglaterra foram duas obras-primas, coisa para entrar no currículo áudio-visual de qualquer escolinha de futebol. O time é cintura-dura (isso é genético, não tem como mudar), mas é veloz, inteligente e tem também a volúpia do gol. Se ganhar a Copa assim, merece.

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