quinta-feira, 29 de abril de 2010

1971) O automóvel e o petróleo (3.7.2009)




Michael Moore, o cineasta de Tiros em Columbine e Fahrenheit 9/11, publicou uma carta aberta sobre a estatização da General Motors, a maior e mais tradicional fábrica de automóveis dos EUA, cuja “quebra” obrigou o governo a absorvê-la para evitar prejuízos maiores. 

Passei a vida vendo a imprensa brasileira criticar o nosso capitalismo subdesenvolvido, comparando-o ao capitalismo moderno dos EUA. Diziam que nos EUA o capitalismo era capitalismo mesmo, era uma iniciativa de risco, onde era possível ter lucro ou prejuízo. 

No Brasil, ao contrário, predominava a mentalidade paternalista em que quando uma empresa dava certo o lucro era seu, e quando dava errado o prejuízo era absorvido pelo Governo, ou seja, era pago pelo bolso do contribuinte. 

A enxurrada de estatizações de empresas nos EUA e na Europa parece dizer que o problema não é brasileiro, é uma coisa que está no DNA do capitalismo. Quando perdem dinheiro em suas aventuras financeiras, eles exigem que o povo pague seus prejuízos. 

Diz Michael Moore: 

“Assim como o Presidente Roosevelt fez depois do ataque a Pearl Harbor, o Presidente (Obama) deve dizer à nação que estamos em guerra e que devemos imediatamente converter nossas fábricas de carros em indústrias de transporte coletivo e veículos que usem energia alternativa. Em 1942, depois de alguns meses, a GM interrompeu sua produção de automóveis e adaptou suas linhas de montagem para construir aviões, tanques e metralhadoras. Esta conversão não levou muito tempo. Todos apoiaram. E os nazistas foram derrotados. Estamos agora em um tipo diferente de guerra - uma guerra que nós travamos contra o ecossistema, conduzida pelos nossos líderes corporativos. Essa guerra tem duas frentes. Uma está em Detroit. Os produtos das fábricas da GM, Ford e Chrysler constituem hoje verdadeiras armas de destruição em massa, responsáveis pelas mudanças climáticas e pelo derretimento da calota polar. 

"As coisas que chamamos de ‘carros’ podem ser divertidas de dirigir, mas se assemelham a adagas espetadas no coração da Mãe Natureza. Continuar a construir essas ‘coisas’ irá levar à ruína a nossa espécie e boa parte do planeta. A outra frente desta guerra está sendo bancada pela indústria do petróleo contra você e eu. Eles estão comprometidos a extrair todo o petróleo localizado debaixo da terra. Eles sabem que estão ‘chupando até o caroço’. E como os madeireiros que ficaram milionários no começo do século 20, eles não estão nem aí para as futuras gerações. 

"Os barões do petróleo não estão contando ao público o que sabem ser verdade: que temos apenas mais algumas décadas de petróleo no planeta. À medida que esse dia se aproxima, é bom estar preparado para o surgimento de pessoas dispostas a matar e serem mortas por um litro de gasolina. Agora que o Presidente Obama tem o controle da GM, deve imediatamente converter suas fábricas para novos e necessários usos.”





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