quarta-feira, 17 de março de 2010

1800) As Ligações Perigosas (16.12.2008)



O Marquês de Flammand era um dos homens mais cobiçados da corte parisiense, notório conquistador, famoso pelas beldades que fizera sucumbir aos seus encantos e ao poder de sua fama. Era o homem por quem suspiravam as moças em flor, as balzaqueanas em pleno viço da experiência, e também (por que não?) as damas casadas a quem apenas o vínculo sagrado impedia de se arrojarem aos pés do Marquês, ou, melhor ainda, de lhe abrirem às escondidas a porta de seus aposentos, na calada da noite.

O Marquês colhia a seu bel-prazer as flores púberes que se entreabriam para sua cobiça, mas não tinha pensamentos senão para a mais distante delas. Ironicamente, Mlle. Nazarin era uma “cria” de seus próprios domínios, no Vale do Loire, onde crescera ouvindo elogios rasgados à sua beleza. Alimentava o sonho (incentivado pelas damas maduras de sua família) de que nascera para o Marquês, estava destinada a ser A Última, “aquela”, dizia-lhe sua mãe, “que o fará esquecer todas as outras, e lamentar o tempo que desperdiçou beijando outros lábios que não os teus”.

Por uma guinada do destino, Mlle. Nazarin, aos dezoito anos, partiu para a corte holandesa, servindo de dama de companhia a uma prima. E foi nos salões dos Países Baixos que sua beleza floresceu e sua fama se espalhou, com uma série de romances tórridos, em rápida sucessão, com os fidalgos mais poderosos daquele tempo. Na corte de França crescia o orgulho de que fosse francesa “a mulher mais bela da Europa”, como afirmavam as calejadas damas da corte, diante de cujos olhos já tinham desfilado gerações e mais gerações de rostos e de silhuetas.

Eis que, após sua rumorosa separação de um nobre italiano, Mlle. Nazarin retorna a Paris, sendo recebida com todas as honras. Ainda desperta o alvoroço dos cortesãos de Versalhes: qual dos seus conterrâneos será o felizardo a desfrutar dos seus atributos? O Marquês de Flammand, ainda rico e vigoroso, apesar de grisalho, faz-se anunciar, freqüenta-lhe as recepções, comparece aos bailes em sua mansão, galga de degrau em degrau a sinuosa escada da conquista.

De repente, escândalo! Corre a notícia de que o Marquês surpreendera Mlle. Nazarin em pleno colóquio amoroso com o Duque de St. George, aventureiro de origem britânica, notório pelos seus gastos insensatos e suas alianças escusas. Ofendido, o Marquês de Flammand recua. Nos salões da corte, declara que mesmo traído abdicará da paixão de toda uma vida, e que não criará obstáculos à felicidade do casal. St. George desposa Mlle. Nazarin e a conduz em festa para seus domínios. Mas... em confidência aos amigos, o Marquês confessa ter constatado “in loco” que o estado físico da beldade já não era o mesmo, e que o rival caiu-lhe do céu, para livrá-lo de uma tremenda duma sinuca. (ERRATA: Onde se lê “Marquês de Flammand” leia-se “Flamengo”, onde se lê “Mlle. Nazarin” leia-se “Ronaldo”, onde se lê “Duque de St. George” leia-se “Corinthians”. Obrigado.)

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