A gente classifica as pessoas pelo que elas ganham ou pelo que gastam, mas não vejo na revista Forbes nenhuma lista de “Os 50 Indivíduos que Melhor Aplicam Seu Dinheiro”. Talvez porque, se pesquisassem mesmo, iriam descobrir que 40 dessas vagas seriam preenchidas por donas-de-casa de bairros operários, que fazem o milagre-dos-pães todo dia, antes do café da manhã.
Muita gente critica os livros de auto-ajuda que abarrotam nossas livrarias. Que tem muita besteira, tem. (Em qualquer estante ou balcão de livraria, metade é besteira. Não é questão de gênero.) Pois a auto-ajuda mais importante que eu vejo são esses livros do tipo “Aprenda a lidar com dinheiro”, “Como ganhar e como gastar”, “O segredo da inteligência financeira”... Estou inventando os títulos, porque na verdade nunca li nenhum livro desses. Se um livro ensina a lidar com muito dinheiro, não me interessa, nunca vou precisar mesmo. Se ensina a lidar com pouco, não preciso: sou PhD no assunto.
Passo cerca de um terço do meu tempo acordado pensando em dinheiro. Adoro dinheiro. Não tem melhor sensação na vida do que quando a gente passa no caixa e recebe um cheque pesado, daqueles que se a gente botar no bolso da camisa vai andar meio “penso” para um lado. E não tem sensação melhor para a auto-estima do que abrir o extrato do Banco e ver aquele saldo que parece um CEP. Dá uma sensação de super-poderes. Eu começo logo a me achar bonito.
Digo isto porque nós, os poetas, os artistas, os filósofos, temos fama de sermos indivíduos espiritualizados, que não dão atenção a essas mesquinharias da vida prática: deixamo-las para raças mais rudimentares, como os comerciantes e empresários. Pois em verdade vos digo, amigos, que nenhum comerciante acaricia um centavo recém-ganho com mais volúpia do que este modesto filósofo. Freud dizia que o dinheiro não traz felicidade porque não é um desejo de infância. Concordo que não traz a Felicidade, mas traz para mim algo mais importante do que a Felicidade: a possibilidade de comprar livros e CDs importados, a possibilidade de liquidar as malditas contas que jazem enfiadas entre a CPU e a impressora, a possibilidade de passar um ou dois meses escrevendo e lendo apenas o que me dá na telha.
Uma vez me perguntaram por que nunca fiz sucesso, e respondi de improviso que é porque estou satisfeito com a classe social a que pertenço. Todo mundo que persegue o sucesso quer ficar mais rico do que seus pais foram; eu nunca quis. Pense num “cába” com DNA de classe média! A ânsia de riqueza impele para o estrelato os sertanejos que vão para a cidade grande, os suburbanos cujo sonho é uma cobertura na Zona Sul, os filhos de operários que não sentem propriamente inveja do destino paterno. Todo esse pessoal corre atrás do dinheiro pensando em subir para o andar de cima. Eu, curiosamente, me acostumei com este lugar aqui onde meus pais me deixaram, só quero é poder curtir a janela e a paisagem.
Muita gente critica os livros de auto-ajuda que abarrotam nossas livrarias. Que tem muita besteira, tem. (Em qualquer estante ou balcão de livraria, metade é besteira. Não é questão de gênero.) Pois a auto-ajuda mais importante que eu vejo são esses livros do tipo “Aprenda a lidar com dinheiro”, “Como ganhar e como gastar”, “O segredo da inteligência financeira”... Estou inventando os títulos, porque na verdade nunca li nenhum livro desses. Se um livro ensina a lidar com muito dinheiro, não me interessa, nunca vou precisar mesmo. Se ensina a lidar com pouco, não preciso: sou PhD no assunto.
Passo cerca de um terço do meu tempo acordado pensando em dinheiro. Adoro dinheiro. Não tem melhor sensação na vida do que quando a gente passa no caixa e recebe um cheque pesado, daqueles que se a gente botar no bolso da camisa vai andar meio “penso” para um lado. E não tem sensação melhor para a auto-estima do que abrir o extrato do Banco e ver aquele saldo que parece um CEP. Dá uma sensação de super-poderes. Eu começo logo a me achar bonito.
Digo isto porque nós, os poetas, os artistas, os filósofos, temos fama de sermos indivíduos espiritualizados, que não dão atenção a essas mesquinharias da vida prática: deixamo-las para raças mais rudimentares, como os comerciantes e empresários. Pois em verdade vos digo, amigos, que nenhum comerciante acaricia um centavo recém-ganho com mais volúpia do que este modesto filósofo. Freud dizia que o dinheiro não traz felicidade porque não é um desejo de infância. Concordo que não traz a Felicidade, mas traz para mim algo mais importante do que a Felicidade: a possibilidade de comprar livros e CDs importados, a possibilidade de liquidar as malditas contas que jazem enfiadas entre a CPU e a impressora, a possibilidade de passar um ou dois meses escrevendo e lendo apenas o que me dá na telha.
Uma vez me perguntaram por que nunca fiz sucesso, e respondi de improviso que é porque estou satisfeito com a classe social a que pertenço. Todo mundo que persegue o sucesso quer ficar mais rico do que seus pais foram; eu nunca quis. Pense num “cába” com DNA de classe média! A ânsia de riqueza impele para o estrelato os sertanejos que vão para a cidade grande, os suburbanos cujo sonho é uma cobertura na Zona Sul, os filhos de operários que não sentem propriamente inveja do destino paterno. Todo esse pessoal corre atrás do dinheiro pensando em subir para o andar de cima. Eu, curiosamente, me acostumei com este lugar aqui onde meus pais me deixaram, só quero é poder curtir a janela e a paisagem.
O dinheiro nos livra de nossos empecilhos e nos traz prazeres que, de acordo com Freud, é o que perseguimos a todo momento.
ResponderExcluirCreio que o dinheiro vale muita emoção, vale muito tempo, vale muitos bens, mas não vale mais do que um bom amigo.